PROTOCOLO PARA JULGAMENTO COM PERSPECTIVA DE GÊNERO: INSTRUMENTO METODOLÓGICO DE EFETIVAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA DE MENINAS E MULHERES

Autores

  • Ana Clara Baggio Violada Autor
  • Samia Saad Gallotti Bonavides Autor
  • Ana Clara Vasques Gimenez Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n9-253

Palavras-chave:

Acesso à Justiça, Perspectiva de Gênero, Protocolo, Conselho Nacional de Justiça

Resumo

O artigo examina o acesso à justiça de meninas e mulheres no Brasil, tomando como eixo metodológico o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero do Conselho Nacional de Justiça. Parte-se da constatação de que o acesso, embora universal na Constituição Federal de 1988, permanece marcado por desigualdades estruturais que limitam sua efetividade. A análise percorre a concepção do acesso à justiça como direito social e como perspectiva metodológica, destacando a insuficiência da igualdade formal diante das assimetrias de gênero. Em seguida, discute-se a reprodução das desigualdades no sistema de justiça, a partir de categorias críticas como patriarcado, violência simbólica e sujeição discursiva. O Protocolo do CNJ é então apresentado como instrumento normativo e metodológico, vinculado a compromissos internacionais como a CEDAW e a Convenção de Belém do Pará, capaz de oferecer lentes para a formalização da igualdade substancial. Conclui-se que o Protocolo não cria novos direitos, mas requalifica a prática jurisdicional ao fornecer parâmetros de julgamento sensíveis às desigualdades de gênero, configurando-se como dispositivo essencial para a efetividade democrática do acesso à justiça. Sua plena realização, contudo, depende da superação de resistências institucionais e culturais que ainda limitam sua aplicação.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

BATISTA, Camila de Cássia; THIBAU, Tereza Cristina Sorice Baracho. O machismo estrutural no poder judiciário e o direito ao reconhecimento intersubjetivo: análise do Protocolo do CNJ sobre julgamento com perspectiva de gênero. Aracê, [S. l.], v. 7, n. 5, p. 21662–21678, 2025. DOI: 10.56238/arev7n5-039. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/4828. Acesso em: 15 set. 2025. DOI: https://doi.org/10.56238/arev7n5-039

BONAVIDES, Samia Saad Gallotti. A justiça restaurativa como um novo modelo de prática para a restauração do vínculo comunitário. 2020. Tese (Doutorado em Ciência Jurídica) – Universidade Estadual do Norte do Paraná, Jacarezinho, 2020.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2006.

BRITTO, Bárbara da Silva Martins; FLORES, Eileen Pfeiffer; ZANELLO, Valeska. Violência patrimonial: análise conceitual e usos do conceito no Brasil, América Latina e numa perspectiva transcultural. Aracê, [S. l.], v. 7, n. 9, p. e7860, 2025. DOI: 10.56238/arev7n9-051. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/7860. Acesso em: 15 set. 2025. DOI: https://doi.org/10.56238/arev7n9-051

BUTLER, Judith. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. New York: Routledge, 1990.

CAMBI, Eduardo Augusto Salomão. Direito das Famílias com Perspectiva de Gênero. 2. ed. Curitiba: Editora Foco, 2025.

CAMBI, Eduardo; NOSAKI, Porto Andrade Letícia de; FACHIN, Girardi Melina. Tutela judicial das vulnerabilidades femininas: o papel do poder judiciário brasileiro na efetivação do constitucionalismo feminista. Revista CNJ, Brasília, v. 7, n. 1, p. 1-71, jan./jun. 2023. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/ojs/revistacnj/article/view/453. Acesso em: 5 abr. 2025. DOI: https://doi.org/10.54829/revistacnj.v7i1.453

CAMPOS, Gabriela Cortez. “O que alimentos têm a ver com violência doméstica?”: uma análise da implementação da competência híbrida nas varas de violência doméstica e familiar de Cuiabá. 2024. 188 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2024.

CAMPOS, Gabriela Cortez; CAMARGO, Ana Carolina Brochado Teixeira; ZUFELATO, Camilo. Acesso à justiça das mulheres: dimensões e desafios contemporâneos. Revista AREV, v. 7, n. 6, p. 65-88, 2024.

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: Fabris, 1988.

CIRINO, Samia Moda; FELICIANO, Julia. Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero: abertura para uma mudança epistemológica no direito e na prática jurídica no Brasil. Direito Público, [S. l.], v. 20, n. 106, 2023. DOI: 10.11117/rdp.v20i106.7137. Disponível em: https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/7137. Acesso em: 5 ago. 2024. DOI: https://doi.org/10.11117/rdp.v20i106.7137

COMITÊ PARA A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER – CEDAW. Recomendação Geral nº 33 sobre o acesso das mulheres à justiça. Nova York: ONU, 2014.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero. Brasília: Conselho Nacional de Justiça; Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – Enfam, 2021.

DE CASTRO, Henrique Araújo; FENILI, Vinícius. Transparência algorítmica e democracia deliberativa. Revista AREV, v. 7, n. 9, p. 8-25, 2024.

DOBKE, Veleda Maria; OLIVEIRA, Gabriela de Abreu; ROSMANN, Márcia Adriana; TROMBETTA, Sérgio; ZITKOSKI, Jaime José. Feminismo: história e educação – “não” ao sistema vigente!. Aracê, [S. l.], v. 7, n. 7, p. 39057–39079, 2025. DOI: 10.56238/arev7n7-222. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/6676 Acesso em: 15 set. 2025. DOI: https://doi.org/10.56238/arev7n7-222

DO NASCIMENTO, Stella Noeme Bueno Pedroso; BOLWERK, Aloísio Alencar; SILVA, Adilson Cunha. A Lei Maria da Penha em perspectiva interdisciplinar: desafios conceituais e a complexidade das relações de gênero. Aracê, [S. l.], v. 7, n. 6, p. 30175–30191, 2025. DOI: 10.56238/arev7n6-065. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/5694. Acesso em: 15 set. 2025. DOI: https://doi.org/10.56238/arev7n6-065

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

GALDINO, Flávio. O direito de acesso à justiça. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

LERNER, Gerda. The creation of patriarchy. New York: Oxford University Press, 1986.

MARANGONI, Juliana; PILA, Adriano Donizeti. Acesso à justiça: soluções inovadoras para a promoção da paz, justiça e instituições eficazes. Aracê, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 2401–2422, 2025. DOI: 10.56238/arev7n1-145. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/2875 Acesso em: 15 set. 2025. DOI: https://doi.org/10.56238/arev7n1-145

MARTIN, Andréia Garcia; ZACHEO, César Augusto; BOTELHO, Emanuele Giachini; SEGALLA, Juliana Izar Soares da Fonseca. O Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero e o direito ao processo justo. Aracê, [S. l.], v. 7, n. 9, p. e7911, 2025. DOI: 10.56238/arev7n9-008. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/7911 Acesso em: 15 set. 2025. DOI: https://doi.org/10.56238/arev7n9-008

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW). Nova York, 1979.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS – OEA. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará). Belém, 1994.

RUBIN, Gayle. O tráfico de mulheres: notas sobre a “economia política” do sexo. In: REITER, Rayna (org.). Antropologia e feminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos. São Paulo: Cortez, 2015.

SILVA, Mariana; DE CASTRO, Henrique. Plataformas digitais e opacidade comunicativa. Revista AREV, v. 7, n. 5, p. 39-59, 2024.

WENCZENOVICZ, Thaís Janaína; LOCATELI, Cláudia Cinara; RAUBER, Ana Paula. Efetividade dos direitos fundamentais das mulheres rurais: patriarcado, violência doméstica e acesso à justiça. Aracê, [S. l.], v. 7, n. 5, p. 26905–26927, 2025. DOI: 10.56238/arev7n5-342. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/5350. Acesso em: 15 set. 2025. DOI: https://doi.org/10.56238/arev7n5-342

Downloads

Publicado

2025-09-26

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

VIOLADA, Ana Clara Baggio; BONAVIDES, Samia Saad Gallotti; GIMENEZ, Ana Clara Vasques. PROTOCOLO PARA JULGAMENTO COM PERSPECTIVA DE GÊNERO: INSTRUMENTO METODOLÓGICO DE EFETIVAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA DE MENINAS E MULHERES. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 9, p. e8452, 2025. DOI: 10.56238/arev7n9-253. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/8452. Acesso em: 5 dez. 2025.