EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E DIREITOS HUMANOS: UM DIÁLOGO CRÍTICO COM A SOCIOLOGIA PARA UMA EDUCAÇÃO ESCOLAR TRANSFORMADORA

Autores

  • Carlos Eduardo Petronilho Boiago Autor
  • Alecilda Aparecida Alves Oliveira Autor

Palavras-chave:

Educação Matemática Crítica, Direitos Humanos, Sociologia, Interdisciplinaridade

Resumo

Este artigo propõe a articulação entre a Sociologia Crítica e a Educação Matemática Crítica para fundamentar práticas pedagógicas engajadas na educação em direitos humanos. O estudo reconhece que, apesar de tradicionalmente vistas como campos díspares, a Matemática e a Sociologia podem dialogar de forma promissora no contexto educacional. O trabalho desafia a visão histórica de uma matemática neutra, argumentando que a disciplina, como linguagem central para debates sociais (como dados estatísticos e índices de desigualdade), está intrinsecamente ligada a questões sociais e políticas. No entanto, as teorias sociológicas são cruciais para a análise e interpretação desses números em diferentes contextos. A base teórica inclui as contribuições de Pierre Bourdieu, que auxilia a compreender a escola como reprodutora das desigualdades sociais (utilizando conceitos como habitus e capital cultural) , e de Paulo Freire, que defende a educação como um ato político e dialógico essencial para a conscientização crítica e a emancipação dos estudantes. Na Matemática, as perspectivas centrais são a Educação Matemática Crítica (Ole Skovsmose), que propõe "cenários para investigação" onde os alunos usam a matemática para intervir em problemas sociais reais (como desigualdade de renda e sustentabilidade) , e a Etnomatemática (Ubiratan D’Ambrosio), que valoriza os saberes matemáticos de diferentes culturas, promovendo inclusão e diversidade. A articulação dessas áreas possibilita práticas interdisciplinares, incluindo o estudo de estatísticas sobre pobreza, o cálculo de indicadores socioeconômicos (como o IDH) e a análise de vieses algorítmicos, transformando a matemática em uma ferramenta de análise e intervenção na realidade social. Contudo, a implementação dessa abordagem enfrenta desafios como a resistência institucional à inclusão de temas sociais, a formação docente focada em aspectos técnicos e a escassez de materiais didáticos interdisciplinares. Superar esses obstáculos requer mudanças curriculares e investimento na formação continuada de educadores para construir uma educação matemática que promova a justiça social e a formação de cidadãos críticos.

DOI: https://doi.org/10.56238/edimpacto2025.092-019

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Publicado

2025-11-12