ESTADO NUTRICIONAL E CONSUMO ALIMENTAR DE ADULTOS E IDOSOS PERTENCENTES AO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA (MST) DE UM MUNICÍPIO DO OESTE DO ESTADO DO PARANÁ

Autores

  • Késia Zanuzo Autor
  • Caroline de Maman Oldra Autor
  • Tania Mara Takamori Damas Pavinato Autor
  • Amanda Rocha Fujita Autor
  • Ellen Carolina Zawoski Gomes Autor
  • Sabrina Grassiolli Autor

Palavras-chave:

Movimentos Populares, Trabalhadores Rurais, Saúde, Obesidade, Alimentação

Resumo

Introdução: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) é um dos maiores movimentos sociais da América Latina, focado na luta pela reforma agrária. A população rural brasileira, especialmente em contextos de vulnerabilidade, enfrenta o desafio crescente de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, que coexistem com deficiências nutricionais.

Objetivo: Avaliar o estado nutricional e caracterizar o perfil alimentar de adultos e idosos que residem em acampamentos do MST no Oeste do Paraná.

Métodos: O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa sob o CAAE n⁰ 63033021.9.0000.0107. Trata-se de um estudo transversal com uma amostra não probabilística de 150 indivíduos (adultos e idosos), de ambos os sexos, realizado entre dezembro de 2022 a dezembro de 2023, em um acampamento do MST localizado em um município do oeste do estado do Paraná. Os dados socioeconômicos foram coletados por meio de questionário. O estado nutricional foi obtido por meio de avaliação antropométrica de peso (Kg) e estatura (m), para obtenção do Índice de Massa Corporal (IMC–peso[Kg]/altura [m]²); e as circunferências da cintura (CC-cm) e do quadril (CQ-cm), foram realizadas para identificação do risco de doenças cardiovasculares. Foram coletados ainda, dados laboratoriais (glicemia de jejum, triglicerídeos e colesterol), pressão arterial (PA) e frequência cardíaca (FC). O perfil alimentar foi avaliado usando um Questionário de Frequência Alimentar composto por 7 grupos alimentares, adaptado do Inquérito de Nutrição e Consumo Alimentar do município de Campinas. Para a análise estatística da variável quantitativa “idade” entre os indivíduos separados de acordo com a classificação do IMC entre “Sem Excesso de Peso” versus “Com Excesso de Peso” foi utilizado o teste Mann-Whitney-U. Para avaliar as variáveis categóricas entre os grupos “Sem Excesso de Peso” versus “Com Excesso de Peso” foi realizado o teste qui-quadrado de independência. A correlação de Spearman foi aplicada entre as variáveis antropométricas, bioquímicas, pressóricas, FC e dados dietéticos. Todos os testes estatísticos foram bilaterais e realizados com o Software XLSTATⓇ versão 2014.5.03, considerando o nível de significância de 5%.

Resultados: A pesquisa revelou uma alta frequência de excesso de peso (65%) na população estudada, com a obesidade sendo a condição mais prevalente (38,67%). Indivíduos com excesso de peso apresentaram maior adiposidade visceral e níveis elevados de triglicerídeos e colesterol, o que aumenta o risco cardiovascular. A análise de correlação mostrou que o aumento da gordura visceral estava associado ao consumo de alimentos ultra processados (biscoitos e refrigerantes) e a níveis mais altos de PA e glicemia.

Conclusão: Os dados demonstram que a população estudada apresentou uma alta frequência de excesso de peso e fatores de risco para doenças cardiovasculares, como a dislipidemia. Este quadro de saúde é multifatorial, e não apenas resultado de hábitos alimentares, mas também de uma exposição a condições socioambientais de vulnerabilidade. A luta pela posse da terra e a transição para assentamentos são vistas como processos fundamentais para a melhoria da segurança alimentar e das condições de vida, sendo cruciais para a saúde e a qualidade de vida dessa população.

DOI: https://doi.org/10.56238/edimpacto2025.048-003

Publicado

2025-11-03