MARCADORES DE ALIMENTAÇÃO, ESTADO NUTRICIONAL E DETERMINAÇÕES SOCIAIS DE CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Palavras-chave:
Alimentação Infantil, Estado Nutricional, Atenção Primária à Saúde, Determinantes Sociais da Saúde, Obesidade InfantilResumo
Introdução: A obesidade infantil representa um dos maiores desafios da saúde pública, resultante da interação entre fatores genéticos, comportamentais e ambientais que favorecem a formação de um ambiente obesogênico. Fatores como o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados (AUP), baixo acesso a alimentos in natura, sedentarismo, publicidade de alimentos não saudáveis e alta exposição a telas, contribuem para dietas inadequadas e maior risco de desenvolvimento de obesidade e demais doenças crônicas não transmissíveis. Nesse contexto, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional e a Atenção Primária à Saúde desempenham papel essencial na identificação precoce de hábitos alimentares inadequados e na promoção da saúde infantil.
Objetivo: Investigar a relação entre as prevalências dos marcadores da alimentação com o estado nutricional, considerando o contexto social e territorial de crianças atendidas na Atenção Primária à Saúde.
Material e Métodos: Estudo transversal, baseado em dados secundários de 1030 crianças de 2 a 9 anos atendidas na Atenção Primária à Saúde de Governador Valadares - Minas Gerais em 2023. As informações foram obtidas por meio do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional e do prontuário eletrônico “Vivver Sistemas”, analisando os seguintes dados: consumo alimentar e exposição à telas, através do questionário de Marcadores de Consumo Alimentar; e estado nutricional, determinado pelo peso e estatura.
Resultados: A maioria das crianças participantes eram pré-escolares, do sexo feminino, de cor parda e residentes da zona urbana. Observou-se que o consumo de marcadores saudáveis da alimentação, como feijão, frutas e hortaliças, foi mais frequente entre as crianças que residiam na zona rural, enquanto o consumo de alimentos ultraprocessados e o hábito de realizar refeições em frente às telas foram mais comuns entre as residentes da zona urbana. A obesidade foi mais prevalente entre crianças da zona urbana e de cor parda, sendo mais frequente entre escolares do que pré-escolares. Além disso, tanto pré-escolares quanto escolares com excesso de peso apresentaram menor consumo de hortaliças e maior consumo de alimentos ultraprocessados, evidenciando a relação entre padrões alimentares inadequados e excesso de peso.
Conclusão: Observou-se que o estado nutricional e os marcadores da alimentação infantil estão associados ao contexto social e territorial, com maior consumo de alimentos saudáveis em áreas rurais e de ultraprocessados em zonas urbanas. Esses achados reforçam a influência dos determinantes sociais da saúde na alimentação e nutrição de crianças.