GENTRIFICAÇÃO CLIMÁTICA E INJUSTIÇA INTERSECCIONAL: IMPACTOS DAS INTERVENÇÕES URBANAS DA COP30 SOBRE MULHERES NEGRAS E RIBEIRINHAS EM TERRITÓRIOS PERIFÉRICOS DE BELÉM-PA

Resumo

A presente pesquisa analisa os impactos das intervenções urbanas da COP30 em Belém-PA sob a perspectiva da gentrificação climática e da injustiça interseccional, com foco no cotidiano de mulheres negras e ribeirinhas em territórios periféricos. O problema central investiga de que maneira essas intervenções produzem processos de gentrificação climática e reforçam situações de injustiça interseccional, examinando especificamente os mecanismos institucionais, econômicos e simbólicos que articulam o discurso de sustentabilidade com a exclusão socioespacial. Adota metodologia exploratória e método dedutivo, baseada em revisão bibliográfica, documental e normativa, estruturada em três objetivos específicos: identificar e caracterizar as principais intervenções urbanas em curso no âmbito da COP30 e seus impactos territoriais; analisar os mecanismos pelos quais essas intervenções acionam processos de gentrificação climática na Amazônia urbana; e examinar, através do estudo de caso da Vila da Barca, como as intersecções entre raça, gênero e território amplificam as vulnerabilidades climáticas. Os resultados indicam que as 37 intervenções em curso, com orçamento de R$ 3,2 bilhões, operam por três mecanismos articulados: legitimação institucional via discurso ambiental, dinamização seletiva do mercado imobiliário e exclusão dos processos decisórios. O estudo de caso revela como esses mecanismos transformam a Vila da Barca em infraestrutura de apoio a projetos voltados às áreas centrais, aprofundando desigualdades e vulnerabilidades. A pesquisa conclui que, embora justificadas pelo discurso de sustentabilidade, as intervenções da COP30 reproduzem padrões históricos de exclusão e contradições à justiça climática, destacando, contudo, o protagonismo das mulheres locais como agentes de resistência e construção de alternativas socioambientais.