EDUCAÇÃO CLIMÁTICA NO BRASIL: LIÇÕES E PERSPECTIVAS DE UM PAÍS DO SUL GLOBAL

Resumo

A crise climática representa um desafio sem precedentes que exige respostas sistêmicas baseadas em equidade, resiliência e sustentabilidade. Entre essas respostas, a educação tem sido cada vez mais reconhecida como um motor estratégico de transformação de longo prazo. Este artigo examina criticamente a integração da Educação Climática ao sistema educacional formal brasileiro, identificando lacunas importantes na política curricular nacional e extraindo insights comparativos de experiências internacionais. Por meio de uma análise qualitativa de conteúdo da literatura acadêmica, documentos de políticas públicas e estruturas curriculares, incluindo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil, o estudo revela que as referências às mudanças climáticas permanecem superficiais, fragmentadas e distribuídas de forma inconsistente entre as disciplinas. Em contraste, países como Itália, Escócia e o estado americano de Nova Jersey adotaram abordagens mais abrangentes e interdisciplinares para incorporar tópicos climáticos em todos os níveis de ensino. Fundamentado nos referenciais teóricos de Eisner e McNeil, o artigo avalia as dimensões estrutural, cultural e política do desenvolvimento curricular, defendendo reformas urgentes na formação de professores, nos recursos pedagógicos e no alinhamento de políticas. Os resultados reforçam a necessidade de uma abordagem contextualizada e voltada para a justiça na Educação Climática, que promova o pensamento crítico, o engajamento cívico e a mudança comportamental. À medida que o Brasil se prepara para sediar a COP 30, a integração da Educação Climática não é apenas um imperativo ético, mas também um caminho estratégico para empoderar as gerações futuras e fortalecer a participação democrática na governança climática.