40 ANOS DE REDEMOCRATIZAÇÃO: JUSTIÇA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NOS MANDADOS DE PRISÃO

Autores

  • Gleiciana Ferreira Autor
  • Aline Valverde Arrotéia Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n11-353

Palavras-chave:

Redemocratização, Transformação Digital, Mandado de Prisão, Eficiência Administrativa

Resumo

Nos 40 anos de redemocratização, o sistema de justiça brasileiro passou por mudanças estruturais, como o fortalecimento do Supremo Tribunal Federal, ampliação das atribuições do Ministério Público e a intensificação da judicialização da política. Nesse percurso, o cumprimento de mandados de prisão tornou-se um indicador da qualidade democrática da justiça penal, pois expressa a autoridade estatal e, ao mesmo tempo, submete-se às garantias constitucionais de 1988. A digitalização desse procedimento passou a ser compreendida como resposta às limitações históricas, assumindo não só caráter tecnológico, mas também a função de equilibrar eficiência administrativa e preservação dos direitos fundamentais. Para compreender esse movimento, o artigo analisa a transformação digital do Judiciário a partir do estudo de caso do Estado de Goiás, com ênfase nos efeitos do Banco Nacional de Mandados de Prisão - BNMP 2.0 e do Processo Judicial Digital - PROJUD entre 2018 e 2024. A análise documental e empírica revela que a digitalização reduziu tempo de tramitação e ampliou a rastreabilidade processual, embora persistam desigualdades regionais. Mais que ajuste administrativo, o processo expressa a continuidade do projeto democrático de 1988 e dialoga com o ODS 16, ao articular inovação tecnológica, garantias constitucionais e fortalecimento institucional.

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Publicado

2025-11-27

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Como Citar

FERREIRA, Gleiciana; ARROTÉIA, Aline Valverde. 40 ANOS DE REDEMOCRATIZAÇÃO: JUSTIÇA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NOS MANDADOS DE PRISÃO. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 11, p. e10478, 2025. DOI: 10.56238/arev7n11-353. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/10478. Acesso em: 5 dez. 2025.