ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DA BAIXA ADESÃO MASCULINA E DO MENOR NÚMERO DE CASTRAÇÃO DE CÃES E GATOS MACHOS EM PAUDALHO-PE

Resumo

A castração de cães e gatos é reconhecida como uma importante ferramenta de saúde pública e de bem-estar animal, fundamental no controle populacional e na prevenção de zoonoses. Contudo, observou-se resistência significativa ao procedimento quando se trata de animais machos e baixa adesão ao procedimento em pets de tutores homens, o que sugere que crenças culturais e valores de gênero interferem na tomada de decisão. O estudo foi desenvolvido no âmbito do projeto de extensão “Inovação Tecnológica para os Pets: Mais Segurança na Saúde Única”, promovido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em parceria com a Prefeitura Municipal de Paudalho e apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE). Foram analisados dados referentes às ações de castração, microchipagem e educação comunitária junto aos responsáveis pelos animais, permitindo identificar o perfil dos tutores. Os resultados revelaram predominância de castrações em animais fêmeas (58,8%) e de presença de responsáveis mulheres (72,1%), evidenciando maior engajamento feminino nas práticas de guarda responsável. A resistência masculina à castração de machos pode refletir concepções simbólicas associadas à virilidade, à força e à função protetora do animal, elementos profundamente enraizados na cultura local. Conclui-se que a efetividade dos programas de esterilização depende não apenas da oferta do serviço, mas também da implementação de estratégias educativas e comunicacionais sensíveis às questões de gênero e cultura. A abordagem integrada proposta reforça os princípios da Saúde Única, promovendo avanços na saúde pública, no bem-estar animal e na convivência harmoniosa entre comunidade e meio ambiente.