DO TRIBUNAL DA INQUISIÇÃO AO TRIBUNAL DE LONDRES: BANKSY E O MARTELO DA VIOLÊNCIA

Autores

  • Geraldo Pieroni Autor
  • Alexandre Martins Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/edimpacto2025.064-030

Palavras-chave:

Banksy, Violência Jurídica, Martelo, Espaço Simbólico, Poder Institucional, Arte Urbana

Resumo

Este artigo investiga a intervenção artística de Banksy realizada na fachada da Royal Courts of Justice, em Londres, em setembro de 2025. O estêncil, produzido poucos dias após a prisão de 890 manifestantes ligados ao grupo Palestine Action, coloca em confronto direto o poder judicial britânico com a violência simbólica que sustenta sua legitimidade. A obra estabelece uma relação entre dois símbolos históricos: de um lado, o martelo moderno utilizado nos tribunais (gavel), expressão ritual da autoridade legal; de outro, o Malleus Maleficarum (1486), manual de perseguição às bruxas que transformou o “martelo” em emblema de repressão. Ao ressignificar esse objeto, Banksy converte o martelo de instrumento de encerramento processual em signo de coerção e continuidade da violência institucional. A análise parte das contribuições de Walter Benjamin, Michel Foucault, Jacques Rancière e Judith Butler para compreender como a arte articula estética, política e memória histórica. O martelo, nesse contexto, emerge como signo trans-histórico que conecta diferentes formas de violência legitimada, tanto no plano jurídico quanto no espaço urbano, revelando a persistente tensão entre legalidade, repressão e poder.

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Publicado

2025-09-18