QUANDO SE PODIA REPROVAR, O ALUNO, VÍTIMA DO PROCESSO, ERA PENALIZADO…

Autores

  • Marcos Guimaraes dos Santos Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n11-104

Palavras-chave:

Fracasso Escolar, Avaliação Educacional, Escola Pública, Políticas de Inclusão, Desigualdade Educacional

Resumo

Desde a democratização do ensino, ocorrida nos anos 1970, a escola brasileira passou a ser pública, ao garantir, por força de lei, o acesso de crianças de classes sociais desfavorecidas à educação formal. Esse marco histórico apresenta uma dimensão dupla: por um lado, ampliou o acesso ao ensino; por outro, gerou críticas a uma escola que, historicamente, não conseguia assegurar o sucesso acadêmico dessa camada da população. Dentre os elementos mais contestados, destaca-se a avaliação, instrumento que determinava quais alunos estavam aptos a avançar de série e quais deveriam ser retidos. Em resposta a essa realidade considerada excludente, a escola pública passou a implementar mudanças voltadas à superação do fracasso escolar. Este artigo busca analisar criticamente essas mudanças, examinando a lógica acadêmica que orienta tais transformações e as implicações para a aprendizagem efetiva. Para tanto, procede-se a uma pesquisa bibliográfica sobre avaliação, reprovação e políticas públicas educacionais, enfocando dados históricos e contemporâneos sobre aprovação, reprovação e qualidade de ensino. Observa-se que, embora a redução ou eliminação da reprovação tenha gerado estatísticas positivas de aprovação, ainda há obstáculos para a aprendizagem real dos alunos. Isso mostra que o sucesso quantitativo não necessariamente corresponde à apropriação efetiva do conhecimento. Dessa forma, a ênfase em indicadores estatísticos positivos pode criar uma ilusão de sucesso, deixando de abordar as causas estruturais da exclusão educacional e reforçando desigualdades históricas.

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Publicado

2025-11-11

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

DOS SANTOS, Marcos Guimaraes. QUANDO SE PODIA REPROVAR, O ALUNO, VÍTIMA DO PROCESSO, ERA PENALIZADO…. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 11, p. e9849, 2025. DOI: 10.56238/arev7n11-104. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/9849. Acesso em: 5 dez. 2025.