POLÍTICAS DE CURRÍCULO E TRABALHO DOCENTE: PERFORMATIVIDADE, AUTONOMIA E RESISTÊNCIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n11-030Palavras-chave:
Políticas Curriculares, Trabalho Docente, BNCC, Performatividade, AutonomiaResumo
Este artigo analisa criticamente as relações entre as políticas curriculares centralizadoras, com ênfase na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e o trabalho docente no contexto brasileiro contemporâneo. Investiga-se como os processos de padronização curricular e a lógica performativa - que prioriza resultados mensuráveis e métricas de desempenho - impactam profundamente a autonomia, a identidade profissional e as condições de trabalho dos educadores, frequentemente restringindo sua criatividade e liberdade pedagógica. A pesquisa evidencia que, apesar desses constrangimentos estruturais, os professores desenvolvem estratégias cotidianas de resistência e inovação pedagógica, manifestadas através da incorporação crítica de saberes locais, da criação de projetos interdisciplinares significativos e da formação de redes colaborativas e coletivos profissionais. Conclui-se pela urgência de se repensarem as políticas educacionais em direção a modelos mais flexíveis, democráticos e contextualmente responsivos, que valorizem substantivamente a voz docente e a diversidade sociocultural brasileira, reconhecendo a autonomia profissional como condição indispensável para uma educação verdadeiramente transformadora e socialmente referenciada.
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