ATENÇÃO PRIMÁRIA COMO PORTA DE ENTRADA PARA O SUS: O PAPEL DO MÉDICO GENERALISTA NA HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n7-112Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Sistema Único de Saúde, Médico Generalista, Humanização da Saúde, Cuidado IntegralResumo
A Atenção Primária à Saúde (APS) constitui-se como a base estruturante do Sistema Único de Saúde (SUS), desempenhando papel estratégico como o primeiro nível de atenção e como principal porta de entrada para os serviços de saúde no Brasil. Fundamentada nos princípios da universalidade, equidade, integralidade e participação social, a APS busca promover um cuidado centrado nas necessidades reais da população, articulando ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de forma contínua, integrada e territorializada. Nesse contexto, o médico generalista ocupa uma posição central na condução do cuidado em saúde, atuando com uma abordagem clínica ampliada que valoriza o vínculo, a escuta qualificada, a longitudinalidade e o conhecimento do território.
Este artigo tem como objetivo analisar criticamente o papel da APS como ordenadora do cuidado no SUS, destacando a importância do médico generalista na humanização da atenção. A metodologia adotada baseia-se em uma revisão integrativa da literatura, complementada por relatos de experiências de profissionais da atenção básica em diferentes realidades do país. Os resultados evidenciam que a atuação do médico generalista, quando alinhada aos princípios da APS e aos fundamentos da Política Nacional de Humanização (PNH), contribui significativamente para práticas de cuidado mais éticas, resolutivas e centradas na pessoa, promovendo o fortalecimento do vínculo profissional-usuário e da confiança nos serviços públicos de saúde.
Observa-se ainda que a presença constante desse profissional no território permite maior resolutividade das demandas, reduz a fragmentação do cuidado, amplia o acesso e facilita a articulação entre os diversos níveis de atenção. Contudo, persistem desafios estruturais e organizacionais, como a alta rotatividade de profissionais, a sobrecarga de atendimentos, as limitações de infraestrutura e as lacunas na formação médica voltada para a humanização, que dificultam a consolidação de uma APS integral e acolhedora.
Conclui-se que investir no fortalecimento da APS e na valorização do trabalho do médico generalista é essencial para garantir a efetividade dos princípios do SUS e para consolidar um modelo de atenção à saúde comprometido com a dignidade humana, a equidade e a justiça social. Isso implica repensar processos formativos, políticas de gestão e práticas assistenciais, de modo a garantir condições adequadas de trabalho e fomentar a construção de vínculos sólidos entre os profissionais de saúde e as comunidades que atendem.