METODOLOGIAS NEGRAS DE ENSINO – PEDAGOGIAS DE TERREIRO, ENCRUZILHADAS E DO ENEGRECIMENTO SEGUNDO NILMA LINO GOMES, LÉLIA GONZALEZ E BELL HOOKS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n7-101Palavras-chave:
Metodologias Negras, Pedagogia Decolonial, Educação Antirracista, Currículo EnegrecidoResumo
Em um cenário educativo atravessado por profundas desigualdades raciais, epistemológicas e afetivas, as metodologias negras de ensino emergem como possibilidades potentes de ruptura e reinvenção dos modos tradicionais de produzir conhecimento. Assim, este artigo propõe-se a explorar os fundamentos e as práticas das pedagogias de terreiro, das encruzilhadas e do enegrecimento, compreendendo-as não apenas como alternativas didático-pedagógicas, mas como manifestações de resistência, ancestralidade e afirmação identitária. E ainda, convém observar que essas pedagogias se enraízam em territórios simbólicos e culturais historicamente marginalizados pela colonialidade do saber, encontrando em autoras como bell hooks, Lélia Gonzalez e Nilma Lino Gomes referenciais ético-políticos e teóricos de grande relevância. Dessa forma, o objeto deste estudo consiste na análise crítica e interpretativa das contribuições de bell hooks, Lélia Gonzalez e Nilma Lino Gomes para a construção de metodologias negras de ensino, com ênfase nos processos de subjetivação, pertencimento e transformação social que essas perspectivas produzem nos espaços escolares e comunitários. O objetivo geral, portanto, é compreender como essas autoras tensionam as lógicas educativas convencionais e abrem caminhos para práticas pedagógicas comprometidas com o enegrecimento dos currículos, com a valorização dos saberes diaspóricos e com a construção de vínculos afetivos antirracistas. A pergunta de partida que orienta esta investigação é: de que modo as pedagogias de terreiro, as encruzilhadas e o enegrecimento, segundo bell hooks, Lélia Gonzalez e Nilma Lino Gomes, podem transformar os espaços educativos em territórios de emancipação, pertencimento e dignidade para estudantes negros e negras? A centralidade teórica são os trabalhos de hooks (2009; 2013; 2015; 2018; 2019), Gonzalez (1988; 2014; 2021) e Gomes (2007; 2011; 2012; 2017) e utilizando como fonte orbital Anzaldúa (2012; 2015; 2022), Moraga (2002; 2022), Fanon (2008; 2022), Collins (1999; 2004; 2006; 2012; 2016; 2019), Munanga (2015), Lobato (2021), Ratts (2014), Moraga e Anzaldúa (2002), Anzaldúa e Keating (2015), Moraga, Anzaldúa e Bambara (2002). A pesquisa é de cunho qualitativa (Minayo, 2007), bibliográfica e descritiva (Gil, 2008), a partir de um viés analítico compreensivo (Weber, 1949). Os achados revelam que as metodologias negras de ensino promovem uma ruptura com a pedagogia eurocentrada ao valorizarem o afeto, a ancestralidade e o pertencimento como princípios formativos. Tais práticas tornam possível a reconfiguração da escola em território de dignidade e resistência para estudantes negros, desafiando o epistemicídio e mobilizando vínculos coletivos e politizados de aprendizagem. Além disso, identificou-se que essas pedagogias ampliam a potência educativa ao integrarem memória, espiritualidade e corpo como fundamentos de um saber situado, insurgente e emancipador.