PORTUGUÊS PARA TODES? UM DIÁLOGO SOBRE A LINGUAGEM NÃO BINÁRIA COM A ANÁLISE DE DISCURSO
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n6-274Palavras-chave:
Linguagem Neutra, Análise de Discurso, LeiResumo
O artigo propõe uma análise da linguagem não binária a partir da perspectiva da Análise de Discurso (AD), com foco na produção de sentidos nas práticas linguísticas e na forma como a linguagem representa, exclui ou silencia sujeitos na sociedade. Com base em autores como Michel Pêcheux, Eni Orlandi, Maingueneau e Krieg-Planque, o texto discute como os discursos moldam as identidades e ideologias, especialmente no campo da linguagem e do ensino de português. O trabalho se apoia em dois discursos institucionais: o Projeto de Lei nº 511/2021 do Estado de Mato Grosso e a Lei nº 3.006/2021 do município de Sinop, ambos proibindo o uso da chamada “linguagem neutra” em instituições de ensino. A análise mostra como essas leis revelam uma tentativa de cristalizar um modelo fixo de linguagem e excluir identidades não-binárias do espaço educacional e social, através de mecanismos de poder e silenciamento. Utilizando os principais conceitos da AD — como sujeito, formações discursivas, condições de produção, interdiscurso, memória, silêncio e ideologia —, a autora demonstra como o discurso institucional atua na construção de sentidos que marginalizam o diferente. Destaca-se o papel do silêncio como elemento constitutivo do discurso e como forma de exclusão simbólica dos sujeitos que não se enquadram nas normas binárias de gênero. Ao final, o artigo defende que a língua é viva e em constante transformação, e que proibir o uso de formas inclusivas não impede sua existência ou evolução. Reforça que o respeito à diversidade linguística deve fazer parte de uma sociedade democrática, e que é preciso olhar para a linguagem com sensibilidade às transformações sociais e aos sentidos que ela produz.