A AFRO-BRASILIDADE, LITERATURA POPULAR E A RELIGIOSIDADE NA MÚSICA “NÃO MEXE COMIGO” DO ÁLBUM CARTA DE AMOR DE MARIA BETHÂNIA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n6-246Palavras-chave:
Maria Bethânia, Literatura de Cordel, Religiosidade afro-brasileira, Música popular brasileira, AncestralidadeResumo
A música “Não Mexe Comigo”, interpretada por Maria Bethânia, é uma obra emblemática da Música Popular Brasileira (MPB) que articula elementos da literatura brasileira, especialmente de tradição oral, e da religiosidade afro-brasileira, constituindo um espaço de resistência simbólica e afirmação cultural. A canção, estruturada como uma oração, utiliza a repetição e a força da declamação para evocar uma espiritualidade ligada ao candomblé, à umbanda e aos saberes ancestrais. O verso “eu não ando só” transcende o literal e se configura como expressão da fé e da presença dos orixás, caboclos e guias espirituais, numa relação profunda com a tradição mística popular. Essa performance vocal de Bethânia se insere na confluência entre poesia, música e ritual, aproximando-se da literatura de cordel, das ladainhas e dos autos populares. Para a análise da canção, utilizou-se a pesquisa bibliográfica com análise comparativa ao qual permite compreender como a música popular brasileira pode funcionar como meio de valorização da cultura negra e da religiosidade de matriz africana, muitas vezes marginalizadas. A obra dialoga com trabalhos de artistas como Rita Benneditto (Tecnomacumba), Alcione e Martinho da Vila, que também integram a religiosidade e a ancestralidade em suas canções. Ao fazer essa fusão entre texto e rito, Maria Bethânia reafirma o papel da música como linguagem sagrada e poética, que transmite sabedorias coletivas e vivências espirituais. Principais pesquisadores foram: Borgéa (2015), Martino da Vila (2004), Lima (2009), Nascimento (2022) e Azevedo (2018).