PREVALÊNCIA DA VIOLÊNCIA SEXUAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDAS NO INSTITUTO MÉDICO LEGAL E NO CENTRO DE REFERÊNCIA INFANTO-JUVENIL DO ESTADO DE SERGIPE

Resumo

Objetivo: Analisar a associação das características da violência com a zona de moradia das vítimas de violência sexual no estado de Sergipe, 2023. Métodos: Estudo transversal, descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa, realizado no Instituto Médico Legal (IML) e no Centro de Referência Infantojuvenil (CRAI) de Sergipe. Foram analisadas fichas de notificação de violência sexual registradas em 2023, coletadas entre novembro de 2023 e agosto de 2024. O CRAI atende crianças e adolescentes vítimas de violência sexual com equipe multidisciplinar especializada, e o IML realiza exames periciais para materialização de provas criminais. A amostragem foi não probabilística por conveniência, e os dados foram analisados descritivamente. Associações foram testadas pelo Qui-quadrado ou Exato de Fisher. Resultados: Foram analisadas 424 fichas de notificação de violência sexual em crianças e adolescentes em Sergipe, 2023. A maioria das vítimas era do sexo feminino (85,1%), com idades entre 10 e 14 anos (44,8%), de raça/cor negra (69,3%) e residentes em zonas urbanas (67,5%). Os agravos ocorreram principalmente no domicílio (69,1%), com repetição da violência (36,1%) e predominância de estupro (85,3%). Os agressores eram majoritariamente do sexo masculino (79,0%), pertencentes ao círculo familiar (30,7%) ou de conhecidos (20,0%). Verificou-se associação estatisticamente significativa entre zona de moradia e o tipo de encaminhamento (p<0,001), com maior proporção de vítimas urbanas direcionadas a órgãos de proteção à infância. Houve associação marginal com a variável raça/cor (p=0,061), com maior proporção de vítimas negras na zona rural. Conclusão: Os achados evidenciam a predominância de casos de violência sexual entre adolescentes, sexo feminino, negras, residentes em áreas urbanas e com baixa escolaridade.