VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES ADULTAS COM DEFICIÊNCIA/TRANSTORNO NO BRASIL: MARCADORES DE INTERSECÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n3-306Palavras-chave:
Mulheres, Notificação de Abuso, Pessoas com Deficiência, Saúde Pública, ViolênciaResumo
Pessoas com deficiência/transtorno se tornam mais susceptíveis aos atos de violência, devido às vulnerabilidades das estruturas sociais. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar aspectos da violência contra as mulheres adultas com deficiência/transtorno no Brasil. Trata-se de um estudo transversal analítico, com dados de notificações de violência interpessoal e autoprovocada do Sistema de Informação de Agravos e Notificação,em 2019, no Brasil. Descreveu-se o perfil das vítimas mulheres de 20 a 59 anos, com e sem deficiência/transtorno. Verificou-se a associação entre as variáveis ‘local de ocorrência da violência’ e ‘ter deficiência/transtorno’, pelo teste qui-quadrado. Também, conduziu-se a regressão de Poisson, com variância robusta, para estimar a Razão de Prevalência (RP) bruta e ajustada, com Intervalo de Confiança de 95% (IC95%), da variável dependente ‘ter deficiência/transtorno’ com as variáveis de perfil do agressor e com as variáveis dos tipos de violência. Considerou-se o nível de significância 5%. Registraram-se 172.665 casos, sendo 16,8% para mulheres com deficiência/transtorno. Destas, 53,2% tinham transtorno mental. O perfil das mulheres com e sem deficiência/transtorno foi semelhante para: brancas, de 20 a 40 anos e ensino médio completo. A ocorrência da violência na residência foi mais frequente para mulheres com deficiência/transtorno (p ≤ 0,05). O perfil do agressor de mulheres com deficiência/transtorno em relação às sem deficiência/transtorno apresentou maior prevalência para: sexo feminino (RP = 1,041); sem suspeita de uso de álcool (RP = 1,009); e adultos de 20 a 24 anos (RP = 1,061). As mulheres com deficiência/transtorno apresentaram maior prevalência de agressões por tortura quando comparadas às mulheres sem deficiência/transtorno (RP = 1,013); violência sexual (RP = 1,034); financeira (RP = 1,018) e violência autoprovocada (RP = 1,181); e menor prevalência para violência física (RP = 0,969) e psicológica (RP = 0,987). Constatou-se importante percentual de mulheres com deficiência/transtorno, vítimas de violência. A deficiência/transtorno adiciona vulnerabilidade às mulheres, com particularidades quanto ao perfil do agressor e maior número de tipos de violência perpetrados contra elas.