TECENDO DIÁLOGOS SOBRE A INSERÇÃO ALIMENTAR DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n12-179Palavras-chave:
Transtorno do Espectro Autista, Dificuldades Alimentares, Educação Infantil, Repertório Alimentar, Práticas Pedagógicas InclusivasResumo
Considerando a crescente prevalência de dificuldades alimentares em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), bem como sua interface com quadros como o Distúrbio Alimentar Pediátrico (DAP) e o Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), justifica-se investigar como as práticas pedagógicas cotidianas podem favorecer a inserção alimentar no contexto da Educação Infantil. O objetivo deste relato é analisar as ações desenvolvidas por professoras de uma Unidade de Educação Infantil, em parceria com o Setor de Nutrição e Educação Especial, voltadas à ampliação do repertório alimentar de crianças com TEA, considerando dimensões sensoriais, comensais e socioafetivas. Para tanto, procede-se pela metodologia do ensaio, concebida como movimento investigativo, aberto e reflexivo, que valoriza a subjetividade, a dúvida curiosa e a singularidade das experiências (DUARTE, 2016; LARROSA, 2004). Desse modo, observa-se que intervenções graduais, sustentadas pela rotina, pela compreensão da sensorialidade infantil e por uma observação atenta ao momento de desafiar ou recuar, favorecem avanços significativos, ainda que permeados por estagnações e regressões. Tais progressos só se concretizam pela persistência docente e pela atuação articulada da equipe multidisciplinar, que reconhece o caráter biopsicossocial das dificuldades alimentares. O que permite concluir que práticas pedagógicas colaborativas e inclusivas podem promover não apenas a ampliação do repertório alimentar, mas também garantir direitos fundamentais das crianças com TEA, tornando o processo desafiador e, ao mesmo tempo, gratificante ao evidenciar o desenvolvimento integral observado nas experiências relatadas.
Downloads
Referências
APA. American Psychiatric Association. DSM-5-TR: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed., rev. [S. l.]: APA, 2022.
ASHA. American Speech-Language-Hearing Association. Pediatric feeding and swallowing. [S. l.]: ASHA, 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
DOVEY, T. M.; MARTIN, C. Food neophobia and “picky/fussy” eating behavior in children: a review. Appetite, [S. l.], v. 150, p. 104–110, 2019.
DUARTE, P. O elogiável risco de escrever sem ter fim. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 fev. 2016. Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/ilustrissima/2016/02/1743666-o-elogiavel-risco-de- escrever-sem-ter-fim.shtml77. Acesso em: 17 dez. 2024.
ESPGHAN. European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. Guidelines on pediatric feeding disorders. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, New York, v. 65, n. 4, p. 571-585, out. 2017.
GAMA, B. T. et al. Seletividade alimentar em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma revisão narrativa da literatura. Revista Artigos.com, [S. l.], v. 17, [s. n.], p. 1-10, 2020. Disponível em: file:///C:/Users/Cliente/Downloads/3916-Artigo-35880-1-10-20200610.pdf. Acesso em: 21 dez. 2024.
GODAY, P. S. et al. Pediatric Feeding Disorder: Consensus Definition and Conceptual Framework. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, New York, v. 69, n. 4, p. 414-420, out. 2019.
LARROSA, J. A operação ensaio: sobre o ensaio e o ensaiar-se no pensamento, na escrita e na vida. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 29, n. 1, p. 27–43, jan./jun. 2004.
LEADER, G. et al. Feeding problems in children with Autism Spectrum Disorder: a systematic review. Journal of Autism and Developmental Disorders, New York, v. 52, n. 6, p. 2550–2565, jun. 2022.
LEDFORD, J.; GAST, D. Feeding problems in children with autism spectrum disorders. Focus on Autism and Other Developmental Disabilities, New York, v. 33, n. 2, p. 67-76, jun. 2018.
MAYES, S. D.; ZICKGRAF, H. Atypical eating behaviors in children and adolescents with autism. Journal of Autism and Developmental Disorders, New York, v. 49, n. 2, p. 593-602, fev. 2019.
ROCHA, G. et al. Análise da seletividade alimentar de crianças com transtorno do espectro autista, Maranhão, 2019. In: GAMA, B. T. et al. Seletividade alimentar em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma revisão narrativa da literatura. Revista Artigos.com, [S. l.], v. 17, [s. n.], p. 1-10, 2020.
SANTOS, M. M. M. Um estudo sobre a necessidade de dietas especiais na alimentação escolar. 2012. Apud UNIDADE DE EDUCAÇÃO INFANTIL IPÊ AMARELO (UEIIA). Projeto político-pedagógico. Santa Maria: UFSM, 2019.
SILVA, L.; CHISTOL, L.; ZICKGRAF, H. Sensory issues and feeding challenges in autism. Current Psychiatry Reports, New York, v. 23, n. 6, p. 30, jun. 2021.
UEIIA. Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo. Projeto político-pedagógico. Santa Maria: UFSM, 2019.
WHO. World Health Organization. Infant and young child feeding: guiding principles for complementary feeding of the breastfed child. Geneva: WHO, 2020.
WOOD, B. et al. Behavioral interventions for feeding difficulties in children with autism. Clinical Child Psychology and Psychiatry, London, v. 26, n. 4, p. 1033-1044, out. 2021.