O AUTISMO COMO PARADIGMA DA ALTERIDADE: RUMO A UMA ÉTICA TERNÁRIA DO ENCONTRO

Autores

  • Valeria Valenzuela Ferreira Autor
  • Erika Parlato-Oliveira Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n11-304

Palavras-chave:

Autismo, Alteridade, Lacan, Borda, Ética Clínica

Resumo

Certas abordagens psicanalíticas concebem o autismo como ausência do Outro, situando-o fora do campo da linguagem e do desejo. Este artigo problematiza a lógica binária presença/ausência e dentro/fora para questionar como essas dicotomias limitam o trabalho com pessoas diagnosticadas como autistas. O objetivo é propor uma leitura ternária do encontro clínico, na qual a alteridade não se opõe ao sujeito, mas constitui sua própria condição de existência psíquica. Para isso, realizase uma análise teórico-conceitual das contribuições de Rosine e Robert Lefort, Jean-Claude Maleval, Éric Laurent e Marie-Christine Laznik sobre a função do objeto e do borde no tratamento pulsional e na localização do gozo. Em seguida, essa discussão é articulada com a teoria triádica de Charles Sanders Peirce e com o conceito lacaniano de “tempo lógico”, a fim de situar a posição do clínico para além de uma restituição simbólica. Desse modo, observa-se que o autismo não constitui uma exceção estrutural, mas um ponto privilegiado de observação para pensar a operação contínua de borda, corte e ligação que funda toda subjetividade. Isso permite concluir que uma ética ternária do encontro reconhece a alteridade como movimento, e não como carência, orientando a clínica para a abertura ao imprevisível do sujeito.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Lacan, J. (2009a). El tiempo lógico y el aserto de certidumbre anticipada. En Escritos 1 (pp. 193-208). Siglo XXI Editores. (Trabajo original publicado en 1945)

Lacan, J. (2009b). Subversión del sujeto y dialéctica del deseo. En Escritos 2 (pp. 755-787). Siglo XXI Editores. (Trabajo original publicado en 1960)

Lacan, J. (2010). El Seminario. Libro 11. Los cuatro conceptos fundamentales del psicoanálisis. Paidós. (Trabajo original publicado en 1964)

Laurent, É. (2013). La batalla del autismo. Grama Ediciones.

Laznik, M.-C. (1997). Hacia el habla: Tres niños autistas en psicoanálisis. Nueva Visión.

Lefort, R., & Lefort, R. (2003). La distinction de l’autisme. Éditions du Seuil.

Maleval, J.-C. (2011). El autista y su voz. Gredos.

Maleval, J.-C. (2021). La différence autistique. Presses Universitaires de Vincennes.

Parlato-Oliveira, E. (2014). Analyse sémiotique dans la clinique psychanalytique. En M.-C. Laznik (Ed.), Une psychanalyste avec les parents (pp. 345-358). Erès. DOI: https://doi.org/10.3917/eres.lazni.2014.01.0345

Peirce, C. S. (2017). Écrits sur le signe. Éditions du Seuil.

Publicado

2025-11-24

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

FERREIRA, Valeria Valenzuela; PARLATO-OLIVEIRA, Erika. O AUTISMO COMO PARADIGMA DA ALTERIDADE: RUMO A UMA ÉTICA TERNÁRIA DO ENCONTRO. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 11, p. e10333, 2025. DOI: 10.56238/arev7n11-304. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/10333. Acesso em: 5 dez. 2025.