PAULO FREIRE E O CURRÍCULO ESCOLAR – DA PRÁTICA COTIDIANA DOS EDUCANDOS À SUPERAÇÃO DA “EDUCAÇÃO BANCÁRIA”
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n1-205Palabras clave:
Paulo Freire, Currículo Escolar, Educação Emancipadora, Prática EducativaResumen
No exercício cotidiano da prática escolar, é frequente que decisões sejam tomadas sem a devida escuta dos educandos. Esse distanciamento implica o risco iminente de que o conteúdo trabalhado em sala de aula esteja desconectado da realidade vivenciada pelos sujeitos. Essa desconexão é agravada por uma relação hierárquica entre educador e educando, muitas vezes marcada pela transmissão unilateral de conhecimento, como se os alunos fossem meros “depósitos” nos quais os educadores depositam suas ideias. Ainda que essa prática nem sempre seja intencional, ela reflete e reproduz forças de dominação amplamente presentes no cotidiano da sociedade brasileira. Diante dessa realidade, surge a seguinte questão central: em uma sociedade tão heterogênea como a brasileira, como implementar um currículo escolar que dialogue com os anseios e necessidades dos educandos? Para refletir sobre esse desafio, tomamos como eixo teórico a obra “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, além de autores como Mészáros (2002), Frigotto (2010), Saviani (2011), Tonet (2016) e Laval (2019), autores que contribuem para a compreensão da prática educativa emancipadora. Nesse sentido, discutimos a importância de considerar as experiências cotidianas dos educandos como ponto de partida para superar currículos escolares alheios às suas realidades e contextos socioculturais. Metodologicamente, adotamos uma abordagem qualitativa fundamentada em Minayo (2007), com base em uma pesquisa bibliográfica e descritiva conforme os estudos de Gil (2008). Além disso, utilizamos o viés analítico-compreensivo com o suporte teórico de Weber (1969). Os resultados apontam que a desconexão entre o currículo escolar e a realidade dos educandos prejudica o ensino-aprendizagem, perpetuando desigualdades e relações de poder assimétricas. Currículos descontextualizados desvalorizam as vivências dos estudantes, enquanto práticas pedagógicas que incorporam suas realidades promovem maior engajamento e autonomia crítica, alinhando-se à proposta de educação dialógica de Paulo Freire. Para isso, é necessário romper com a pedagogia bancária e capacitar os docentes para metodologias críticas e contextualizadas, garantindo um currículo inclusivo que fomente tanto o aprendizado quanto a transformação social.