ATENÇÃO PSICOSSOCIAL A MEMBROS DE POVOS ORIGINÁRIOS NO SERVIÇO DE HOMEOPATIA DO HOSPITAL SANTA CASA DO RIO DE JANEIRO, PROVE/MEPPSO/IPUB/UFRJ E INSTITUTOS ASSOCIADOS

Resumen

Junto a membros de povos originários brasileiros que vivem em contexto urbano no Rio de Janeiro, através do convívio e de suas produções culturais foi potencializada sua voz, para proporcionar e garantir visibilidade e equidade discutindo-se aspectos das iniquidades vividas em contexto urbano no município do Rio de Janeiro. O registro do IBGE recentemente atualizado, traz a relevante informação de que a cada três indígenas, dois estão em contexto urbano. Contudo, esta presença não é percebida e nem identificada, algumas vezes sendo negligenciada, situações que dificultam assim um planejamento efetivo em atenção primária em saúde pela Estratégia de Saúde da Família para este grupo populacional em estado de vulnerabilidade. Em cadastros oficiais do SUS nem sempre é preenchida a identificação “indígena” (SINAN e Atestado de Óbito), O presente estudo de caso potencializou vozes indígenas presentes no Rio de Janeiro, pois em nível local foram construídos rede, acesso e, em especial, vínculo, através da vivência intercultural com indígenas adultos maduros e idosos, em território urbano no Serviço de Saúde de Homeopatia da 7ª Enfermaria do Hospital Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro em parceria com o Laboratório de Estudos de Processos do Envelhecimento do Programa de Pós-Graduação em Atenção Psicossocial do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro e aos demais laboratórios e institutos associados. Além da formação permanente de recursos humanos, através da construção compartilhada de conhecimento, experiências de extensão, ocorreu o trabalho de iniciação científica a jovens indígenas junto a universitários/profissionais, em trans-formação. O presente artigo discutiu a importância destes passos enquanto estratégias de educação intercultural, onde a seguir, foi priorizado o letramento cultural indígena visando ao aprimoramento da anamnese intercultural indígena, para ser capaz de lidar e discernir quanto às singularidades de diferentes povos presentes no Rio de Janeiro, portadores de distintas cosmovisões quanto à vida, corpo, saúde, doença, morte, luto, dentre outros. Contribuiu-se, assim, até o momento, para a mitigação de demandas em nível local através de ações primárias em saúde e em atenção psicossocial, realizadas por serviços universitários via parcerias intersetoriais e interinstitucionais. Ainda incrementou-se a sensibilização dos profissionais de saúde e estudantes destes serviços universitários envolvidos ao tema e à prática de intervenção na 7ª Enfermaria através da arteterapia a membros de povos originários, especialmente no período per e pós-pandemia Covid 19. Lideranças indígenas foram identificadas e aqueles professores indicados por seus líderes presentes no Rio de Janeiro/Brasil trabalharam em simetria, com respeito e ética, neste processo de letramento cultural indígena da equipe neste espaço de saúde. Representante eleita segue o trabalho de reflexão quanto às graves demandas existentes em atenção psicossocial elencadas (por eles próprios) para os indígenas em contexto urbano junto aos órgãos governamentais.