CARBONO EDÁFICO: O ELO PARA O EQUILÍBRIO CLIMÁTICO E A SEGURANÇA ALIMENTAR

Resumo

O presente trabalho aborda a crítica alteração do ciclo global do carbono, um pilar da homeostase planetária, intensificada pelas atividades humanas desde a era industrial. Nesse contexto, a pedosfera desponta como um reservatório de carbono de singular magnitude, cuja saúde é vital para a fertilidade do solo, a resiliência dos ecossistemas, a segurança alimentar e a modulação climática global. A capacidade do solo de sequestrar carbono atmosférico representa, assim, uma via promissora para a mitigação das mudanças climáticas. O objetivo principal é investigar as interações multifacetadas entre o carbono do solo, as mudanças climáticas e as atividades humanas, buscando, através da análise de literatura científica recente publicada em fontes conceituadas, identificar ações que promovam a resiliência dos agroecossistemas e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa. As principais considerações indicam que, embora o solo seja um vasto reservatório de carbono orgânico (COS) e inorgânico (CIS), práticas insustentáveis como desmatamento, aração intensiva e manejo inadequado o convertem de sumidouro em fonte de emissões. Projeções climáticas apontam para a exacerbação dessas pressões. Contudo, a adoção de práticas como agricultura conservacionista, sistemas agroflorestais, uso de biochar e restauração de ecossistemas degradados pode significativamente aumentar o COS, melhorar a saúde edáfica e reduzir emissões. Iniciativas globais como RECSOIL e nacionais como o Plano ABC+ exemplificam esforços para reverter essa tendência e promover uma gestão do solo climaticamente inteligente e regenerativa, embora persistam desafios na quantificação, monitoramento e superação de barreiras socioeconômicas.