MEMÓRIA, COMUNIDADES QUILOMBOLAS E ARQUITETURA VERNÁCULA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n5-341Keywords:
Comunidades quilombolas, Etnoarquitetura, Arquitetura vernácula, Saberes tradicionais, Saberes construtivosAbstract
O estudo da arquitetura vernácula revela que os saberes construtivos tradicionais desempenham um papel fundamental que ultrapassa a simples materialidade das edificações. Por meio deles, é possível compreender a trajetória histórica e cultural que permeia esse tipo de arquitetura. Sob essa perspectiva histórica, cultural e técnica, o presente artigo aborda os processos formadores dos saberes construtivos tradicionais das comunidades quilombolas do Barro Preto e Indaiá, situadas em Minas Gerais. Apesar da escassez de construções realizadas com a técnica tradicional reconhecida por essas comunidades — o pau a pique —, os moradores ainda preservam vasto conhecimento relacionado a esses saberes ancestrais. O principal objetivo da pesquisa foi escutar diretamente das pessoas dessas comunidades os relatos, tanto atuais quanto históricos, sobre os processos que caracterizam seus modos tradicionais de construção. A investigação adotou uma metodologia interdisciplinar, que integrou saberes acadêmicos e populares, sendo conduzida principalmente por uma abordagem pautada na sensibilidade etnográfica, oriunda da antropologia. A adoção dessa metodologia revelou-se essencial para compreender os saberes construtivos tradicionais em sua dimensão material e imaterial por meio da construção progressiva de camadas de informação ao longo do processo investigativo. A interação contínua com as comunidades permitiu acessar memórias e significados que vão além da materialidade das construções, como no caso da casa de Dona Precheda. A partir deste olhar, a pesquisa evidencia que o patrimônio vernáculo está intrinsecamente ligado à história, às experiências e aos modos de vida das pessoas. Dessa forma, reforça-se a necessidade de valorizar não apenas os aspectos técnicos da arquitetura tradicional, mas também os vínculos intangíveis que ela sustenta nas comunidades.
