ALESSANDRA GILIANI: ENTRE O MITO E A PIONEIRA DA ANATOMIA MEDIEVAL — UMA ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA DE SUAS CONTRIBUIÇÕES E LEGADO

Autores

  • José Aderval Aragão Autor
  • Felipe Matheus Sant’Anna Aragão Autor
  • Iapunira Catarina Sant’Anna Aragão Autor
  • Bárbara Costa Lourenço Autor
  • Danilo Ribeiro Guerra Autor
  • Vera Lúcia Correa Feitosa Autor
  • Deise Maria Furtado de Mendonça Autor
  • Francisco Prado Reis Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n11-119

Palavras-chave:

Alessandra Giliani, Anatomia Medieval, Mondino de Liuzzi, Mulheres na Ciência, Historiografia

Resumo

A figura de Alessandra Giliani (1307–1326), historicamente considerada a primeira mulher registrada como anatomista e patologista, é examinada sob uma perspectiva historiográfica, destacando suas supostas contribuições e o legado simbólico que representa. Apesar da documentação fragmentada, sua trajetória brilha como um emblema do intelecto feminino na ciência medieval, desafiando narrativas tradicionais. Contextualizada na Bolonha do século XIV — importante centro de estudos médicos e local de trabalho de Mondino de Liuzzi —, este artigo detalha as realizações atribuídas a Giliani. Ela é reconhecida como a proseccionista de Mondino, creditada pela técnica inovadora de injetar líquidos coloridos (vermelho nas artérias e azul nas veias) para visualizar o sistema vascular durante dissecações. Tal metodologia, se confirmada, seria precursora da angiografia e da preservação anatômica, revolucionando a compreensão da circulação sanguínea séculos antes das teorias de Harvey. No entanto, a historicidade de Giliani é objeto de debate acadêmico. A escassez de fontes primárias e a dependência de relatos posteriores, como os de Michele Medici e um epitáfio controverso, alimentam o ceticismo. Alguns historiadores, como Paula Findlen, sugerem que Giliani pode ser uma invenção do século XVIII, enquanto outros ponderam a possível destruição de seus registros ou até mesmo a hipótese de que tenha se disfarçado para trabalhar em um campo dominado por homens. Apesar das incertezas factuais, Alessandra Giliani transcende a mera historicidade, consolidando-se como um poderoso símbolo da cientista que rompeu barreiras de gênero. Sua narrativa inspira reflexões sobre o “efeito Matilda” e a necessidade de reavaliar as narrativas científicas para incluir e valorizar as contribuições femininas, servindo como paradigma para as gerações futuras.

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Publicado

2025-11-13

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

ARAGÃO, José Aderval; ARAGÃO, Felipe Matheus Sant’Anna; ARAGÃO, Iapunira Catarina Sant’Anna; LOURENÇO, Bárbara Costa; GUERRA, Danilo Ribeiro; FEITOSA, Vera Lúcia Correa; DE MENDONÇA, Deise Maria Furtado; REIS, Francisco Prado. ALESSANDRA GILIANI: ENTRE O MITO E A PIONEIRA DA ANATOMIA MEDIEVAL — UMA ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA DE SUAS CONTRIBUIÇÕES E LEGADO. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 11, p. e9903, 2025. DOI: 10.56238/arev7n11-119. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/9903. Acesso em: 31 dez. 2025.