ENSINO SUPERIOR E BIOÉTICA ANIMAL: UM OLHAR SOBRE COSMÉTICOS E MÉTODOS ALTERNATIVOS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n8-226Palavras-chave:
Bioética, Cruelty-free, Ética Animal, Experimentação AnimalResumo
O avanço da tecnologia e da qualidade de vida elevou a indústria cosmética a um patamar estratégico na economia global. Embora a legislação brasileira não exija testes em animais para segurança de produtos, permite que empresas realizem os testes que julgarem necessários, mantendo os estudos in vivo em discussão. Este estudo partiu da hipótese de que a falta de informação ao consumidor é um dos principais obstáculos à ética na experimentação, buscando mapear o acesso e o conhecimento do público sobre a produção de cosméticos. Foram analisados 333 páginas, 313 vídeos e 230 postagens do Google, Facebook e YouTube, além de questionários online aplicados a jovens consumidores. O problema mais citado foi a crueldade animal, atribuída principalmente às empresas. Entre os métodos alternativos destacaram-se: testes in vitro, simulações computacionais, uso de bancos de dados existentes e consumo exclusivo de produtos cruelty-free. O questionário revelou diferenças mínimas entre áreas de formação, embora estudantes da saúde demonstrassem maior interesse por informações científicas e ferramentas digitais. Apesar da ampla discussão em redes sociais, observou-se baixa divulgação por órgãos governamentais, evidenciando sua distância do papel regulador. Além disso, embora os jovens rejeitem testes em animais por considerá-los desnecessários frente a medicamentos, o tema não é prioritário no cotidiano das consumidoras. Os resultados se alinham com a necessidade do acolhimento pela temática pela Bioética e sua mobilização no ensino superior afim de agregar perspectivas éticas e humanas na formação técnica.
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