A CONCEPÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DO DEPOIMENTO ESPECIAL E O PROBLEMA DA MARGINALIDADE DAS VOZES INFANTIS

Autores

  • Jonathas Ferreira Santos Autor
  • Antônio Carlos do Nascimento Osório Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n8-100

Palavras-chave:

Depoimento Especial, Vozes Infantis, Psicologia Jurídica Crítica, Direitos da Criança, Escuta Qualificada

Resumo

O presente artigo analisa a concepção teórico-metodológica do depoimento especial no sistema judiciário brasileiro, discutindo criticamente os limites e contradições da escuta de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. Com base em aportes teóricos críticos da Psicologia Jurídica, da epistemologia da infância e dos estudos sobre direitos humanos, discute-se como a marginalidade histórica das vozes infantis persiste, mesmo em práticas supostamente protetivas. Inicia-se analisando a concepção teórico-metodológica do depoimento especial no Brasil, situando sua emergência como dispositivo jurídico vinculado à proteção de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. E, em seguida, a partir de uma abordagem foucaultiana, busca-se compreender as racionalidades e os discursos que sustentam o modelo institucional vigente, problematizando a suposta centralidade das vozes infantis. Nesse sentindo, propondo uma releitura da escuta qualificada, que vá além da técnica, considera-se central a discussão da concepção teórico-metodológica do depoimento especial visando enfatizar a singularidade do sujeito em sua dimensão histórica, social e afetiva. Conclui-se que, apesar do discurso protetivo, persiste uma marginalização estrutural das crianças nos processos judiciais, especialmente quando o interesse punitivo e técnico se sobrepõe à escuta qualificada e ética.

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Publicado

2025-08-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

SANTOS, Jonathas Ferreira; OSÓRIO , Antônio Carlos do Nascimento. A CONCEPÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DO DEPOIMENTO ESPECIAL E O PROBLEMA DA MARGINALIDADE DAS VOZES INFANTIS. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 8, p. e7254 , 2025. DOI: 10.56238/arev7n8-100. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/7254. Acesso em: 5 dez. 2025.