ANTICOAGULAÇÃO EM PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA: INDICAÇÕES CLÍNICAS, SEGURANÇA E SELEÇÃO TERAPÊUTICA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n7-362Palavras-chave:
Cirrose Hepática, Anticoagulantes Orais Diretos, Trombose da Veia PortaResumo
Introdução: Pacientes com cirrose hepática apresentam uma coagulopatia complexa, colocando-os em risco simultâneo de sangramento e trombose. A compreensão contemporânea da "hemostasia reequilibrada" desafia o conceito ultrapassado de anticoagulação espontânea e reformula a anticoagulação como uma potencial estratégia terapêutica.
Objetivo: Analisar as indicações clínicas, os critérios de seleção e os riscos associados ao uso de anticoagulantes em pacientes com cirrose hepática, enfatizando a segurança, a eficácia e a aplicação prática da anticoagulação em diversos contextos clínicos.
Métodos: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura utilizando as bases de dados PubMed, SciELO, Embase e LILACS para identificar estudos publicados entre 2018 e 2025. Os termos de busca incluíram anticoagulação, cirrose hepática, trombose da veia porta e fibrilação atrial. Diretrizes internacionais, revisões sistemáticas e estudos observacionais clinicamente relevantes foram priorizados.
Resultados e Discussão: A anticoagulação parece segura e eficaz na cirrose compensada (Child-Pugh A/B), especialmente em casos de trombose da veia porta (TVP) e fibrilação atrial. A escolha do anticoagulante deve considerar a função hepática, o risco de sangramento, o estado renal e a presença de varizes esofágicas. Anticoagulantes orais diretos (ACODs), como apixabana e edoxabana, são preferidos na PC A/B, enquanto heparina de baixo peso molecular (HBPM) ou antagonistas da vitamina K (AVKs) são preferidos em casos mais avançados. A profilaxia endoscópica de varizes deve ser realizada antes do início da anticoagulação, quando indicada. Uma abordagem multidisciplinar e monitoramento clínico rigoroso são essenciais. A falta de ensaios clínicos randomizados em cirrose descompensada (PC B/C) continua sendo uma limitação importante.
Considerações Finais: Quando adequadamente indicada e monitorada, a anticoagulação pode melhorar os desfechos clínicos em pacientes cirróticos. Pesquisas futuras devem se concentrar em ensaios clínicos randomizados e protocolos adaptados ao contexto, especialmente em sistemas de saúde pública como o SUS brasileiro e em populações vulneráveis.