FENDA LABIOPALATINA E A CORRELAÇÃO COM A CORREÇÃO CIRÚRGICA ENTRE OS ANOS DE 2012 A 2022: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n7-309Palavras-chave:
Fissura Labiopalatal, Epidemiologia, Correção Cirúrgica, Brasil, Custos, TratamentoResumo
INTRODUÇÃO: A fissura labiopalatal (FLP), também conhecida como fenda labial e palatina ou labioleporino, é uma malformação congênita que acomete principalmente a face e a região oral. Essa condição resulta da não junção ou junção incompleta de estruturas craniofaciais durante a fase embrionária do desenvolvimento fetal. As fissuras labiopalatais são classificadas em fissuras labiais, palatais e labiopalatais. As causas dessa condição são multifatoriais, envolvendo fatores genéticos e ambientais, como o tabagismo materno, o uso de medicamentos antiepilépticos e o consumo excessivo de álcool (1). No Brasil, a prevalência de fissura labiopalatal varia de 0,47 a 1,54 por mil nascimentos vivos (6). A identificação precoce e o diagnóstico dessa malformação são cruciais para minimizar seus impactos físicos, sociais e psicológicos, sendo necessários tratamentos cirúrgicos e acompanhamento especializado. OBJETIVO: O objetivo deste estudo é analisar os dados de nascimentos com fissura labial e palatina no Brasil entre 2012 e 2022, correlacionando-os com os procedimentos cirúrgicos realizados no país. O estudo foca nos custos associados ao tratamento, o tempo de internação hospitalar e a distribuição geográfica dessa condição. METODOLOGIA: Este estudo é ecológico, retrospectivo e descritivo. Utilizaram-se dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e da produção hospitalar (SIH/SUS). A análise abrangeu as regiões geográficas do Brasil, com dados sobre sexo, cor/raça, tipos de malformações e procedimentos realizados, considerando o período de 2012 a 2022. RESULTADOS: Foram registrados 16.657 nascimentos com fissura labiopalatal no período de 2012 a 2022, com maior prevalência nas regiões Sudeste e Nordeste. A fissura labiopalatal foi mais comum no sexo masculino (58,47%) e na cor parda (50,41%). No mesmo período, foram realizados 12.481 procedimentos de palatoplastia primária, com maior concentração no Sudeste (51,59%). O custo total para o tratamento da FLP foi de R$ 17.997.854,57, com 20.313 dias de internação. DISCUSSÃO: As taxas ajustadas por 100.000 habitantes mostraram maior prevalência nas regiões Sudeste e Nordeste, refletindo tanto a maior quantidade de nascimentos quanto o acesso desigual a serviços especializados. Estudos como os de Mossey et al. (2009) e WHO (2018) confirmam que a prevalência é maior em regiões com melhores infraestruturas de saúde. A diminuição de procedimentos entre 2020-2022, principalmente devido à pandemia, foi observada em outros países também, como nos EUA. A correção cirúrgica precoce, além de melhorar a qualidade de vida das crianças, pode reduzir os custos a longo prazo (Fell et al., 2014). A literatura também indica que, em regiões com mais recursos, o acesso ao tratamento é significativamente maior. CONCLUSÃO: Este estudo demonstrou a alta prevalência da fissura labiopalatal no Brasil e as grandes disparidades regionais no acesso à correção cirúrgica. Os resultados indicam que, embora a correção seja mais comum nas regiões Sudeste e Nordeste, existem desafios significativos em regiões com menos infraestrutura de saúde. A implementação de programas de rastreamento mais eficazes e a melhoria no acesso ao tratamento são essenciais para reduzir as disparidades regionais e melhorar os resultados para as crianças afetadas.