PROFICIÊNCIA E ATITUDES DOS ALUNOS DO ENSINO SUPERIOR EM RELAÇÃO À INCLUSÃO
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n7-233Palavras-chave:
Inclusão, Deficiência, Ensino Superior, Acessibilidade, EstudanteResumo
A construção de uma sociedade mais inclusiva tem sido uma meta crescente, especialmente no ambiente educacional. A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) assegura os direitos fundamentais das pessoas com deficiência (PCD), incluindo o acesso à educação, saúde, trabalho e cultura. No ensino superior, a presença de estudantes com deficiência tem aumentado, evidenciando desafios para as Instituições de Ensino Superior (IES), como a escassez de formação docente em práticas inclusivas, materiais inadequados e barreiras atitudinais. Este estudo teve como objetivo compreender, por meio de pesquisa qualitativa, a percepção de 21 estudantes com deficiência sobre as barreiras enfrentadas na universidade – atitudinais, de comunicação e físicas. Paralelamente, foi realizada uma pesquisa de opinião com 115 estudantes do curso de Odontologia (60 do turno noturno e 55 do diurno), a fim de avaliar o conhecimento e atitudes desses alunos em relação à inclusão. Os 21 alunos atendidos pelo Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) relataram dificuldades significativas. A principal barreira apontada foi a de atitude, manifestada na dificuldade de interação em trabalhos em grupo e sensação de exclusão, o que levou 66,5% a considerarem a evasão ou o trancamento do curso. Barreiras de comunicação representaram 23,2%, incluindo métodos de ensino inadequados, material didático incompatível, dificuldades nos sistemas virtuais e desconforto em se expressar em ambientes numerosos, o que comprometeu o aprendizado. Já a barreira física foi mencionada por 10,4%, com relatos de dependência de colegas e funcionários para locomoção. Na pesquisa com os estudantes de Odontologia, observou-se falta de preparo quanto à inclusão. No turno noturno, 41,7% desconheciam o termo “capacitismo”; no diurno, o índice foi menor, 14,5%. Apesar disso, a maioria dos alunos reconheceu a importância de formação sobre práticas inclusivas: 85% dos alunos do noturno e 90,9% do diurno sugeriram a implementação de programas de capacitação nas universidades. Ainda assim, 100% dos alunos do noturno e 87,3% do diurno afirmaram nunca ter recebido informações sobre a presença de colegas com deficiência em suas turmas. Quanto à disposição em colaborar, 73,3% dos estudantes do noturno e 78,2% do diurno disseram estar preparados para lidar com colegas com necessidades específicas. No entanto, apenas 5% dos alunos do noturno e 18,2% do diurno conheciam de fato as demandas específicas dos colegas atendidos pelo NAI. Os resultados evidenciam que, embora haja boa vontade por parte dos estudantes, o desconhecimento sobre inclusão ainda é significativo. As IES precisam investir em políticas inclusivas mais efetivas, com formação continuada de professores e sensibilização dos alunos, além de garantir recursos e adaptações adequadas. O estudo destaca a urgência de medidas que assegurem uma educação superior verdadeiramente acessível, equitativa e inclusiva para todos.