SABERES QUE CURAM – A FARMÁCIA QUILOMBOLA E O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO CUIDADO INFANTIL

Autores

  • Antonio Nacílio Sousa dos Santos Autor
  • Francisco Souto de Sousa Júnior Autor
  • Alan Judson Zaidan de Sousa Autor
  • Joner Ney Vieira da Silva Autor
  • Enes Buck Mutiua Cantala Xavier Autor
  • Maria Edvânia da Silva Autor
  • Liana Nolibos Rodrigues Autor
  • Fernanda Beatriz Alves Autor
  • Daniel de Oliveira Baptista Autor
  • Marcio Harrison dos Santos Ferreira Autor
  • Witter Duarte Guerra Autor
  • Carla Emanuele Lopatiuk Autor
  • Elicéia da Silva Almeida Autor
  • Adnaldo Junior Brilhante Lacerda Autor
  • Márcia Marin de Liz Autor
  • Jeymson Xavier da Silva Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n4-199

Palavras-chave:

Saberes Quilombolas, Cuidado Infantil, Cura, Corpo-Território

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão crítica sobre os saberes tradicionais quilombolas relacionados ao uso de plantas medicinais no cuidado infantil, compreendendo-os como práticas de resistência, cura e transmissão intergeracional de conhecimento. Em meio a uma história marcada por apagamentos, criminalizações e deslegitimação dos sistemas médicos tradicionais, as comunidades quilombolas mantêm vivas formas ancestrais de cuidado que articulam corpo, território, espiritualidade e saúde. Nesse sentido, o estudo tem como objeto de pesquisa a farmácia viva quilombola, com foco nos modos como mães, avós, parteiras e raizeiras manejam os recursos naturais para tratar doenças e fortalecer a saúde das crianças. A pesquisa parte da seguinte pergunta: Como os saberes medicinais quilombolas são mobilizados no cuidado à infância e quais tensões se estabelecem entre esse conhecimento ancestral e os discursos biomédicos hegemônicos? Teoricamente, fizemos uso dos trabalhos de Zhang (2002), Grmek (1991), Lima e Moura Junior (2024), Pessoa e Maton (2024), Melo (2021), Vanini (2010), Farmer (2003), Kleinman, Basilico, Kim e Farmer (2013), Scheper-Hughes (1993), Lévi-Strauss (1966; 1978; 2004), Fabian (1983; 2014), Turner (1991), Shiva (1999), Brito et al. (2024), Mendes e Cavas (2018), Rodrigues, Paneto e Severi (2018), Sperry et al. (2018), Ravazoli et al. (2018), Oliveira et al. (2024), Almeida (2011), Cunha (2018), Wagner (1981), entre outros. A pesquisa é de cunho qualitativa a partir de Minayo (2007), descritivo e bibliográfica conforme Gil (2008) e realizou-se a análise dos dados a partir da perspectiva compreensiva de Weber (1949). Os achados desta pesquisa revelam que os saberes medicinais quilombolas mobilizados no cuidado infantil articulam práticas de cura física e espiritual, sustentadas por vínculos intergeracionais e por uma lógica de cuidado coletiva e territorializada. Identificou-se que a farmácia viva quilombola vai além do uso técnico das plantas, incorporando rezas, afetos e intenções, como formas de resistência frente à medicalização biomédica. As práticas das raizeiras e parteiras reafirmam a coetaneidade desses saberes e denunciam o apagamento epistêmico promovido pelo colonialismo científico. Observou-se ainda que o uso das plantas é acompanhado de critérios simbólicos e éticos, como o modo de colher, preparar e transmitir o conhecimento. Por fim, constatou-se que defender esses saberes é reivindicar não só reconhecimento sanitário, mas também autonomia cultural, histórica e política.

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Publicado

2025-04-17

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

DOS SANTOS, Antonio Nacílio Sousa et al. SABERES QUE CURAM – A FARMÁCIA QUILOMBOLA E O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO CUIDADO INFANTIL. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 4, p. 19103–19135, 2025. DOI: 10.56238/arev7n4-199. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/4511. Acesso em: 8 dez. 2025.