INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E TRABALHO: DESAFIOS BRASILEIROS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n2-219Palavras-chave:
Trabalho Vivo, Trabalho Morto, Algoritmo, PrecarizaçãoResumo
Há alguns anos, a chegada da indústria 4.0 entrelaçou tecnologias disruptivas ao mundo do trabalho capitalizado. A partir da popularização do universo digital, no séc. XXI, a relação entre seres humanos e máquinas mudou significativamente, tornando-se o novo paradigma do desenvolvimento econômico. A mais recente inovação tecnológica, trata-se da inteligência artificial, que expandiu-se aceleradamente e disseminou-se para além das referências históricas anteriores, atingindo diretamente o mundo do trabalho Latino Americano. Tal como ocorreu nas três primeiras revoluções, o progresso tecnológico nem sempre significa a substituição do trabalho humano, mas sua obsolescência e enquadramento à estrutura capitalista, que estabelece novas relações e exige adaptações que, dificilmente, priorizam a dignidade humana. Nesse sentido, a chegada das inovações disruptivas demarca novos desafios nas dimensões econômicas, sociais e ambientais de todas as sociedades, inclusive a brasileira. Outrossim, a subsunção do trabalhador à chamada “fábrica inteligente”, resignifica os modos de existir e coexistir no mundo, sob a supervisão e gerência algorítmica dos processos produtivos, os quais trazem maior eficiência e valor agregado aos produtos e serviços, mas dificulta o acesso do trabalhador a tais “vantagens”. Também citada como quarta revolução industrial, a indústria 4.0 estabelece o refinamento da extração de mais-valia, de forma não circunstancial, visto que o capital, nada faz sem a finalidade de submeter às potencialidades humanas ao seu projeto de expansão, como aponta o debate. Para explicar, a Inteligência artificial aplica técnicas avançadas por meio de processos lógicos, como forma de gerenciar a produção através da análise de tendências e comportamentos dos sistemas, porém, para alcançar os níveis desejáveis de eficiência, é necessário reestruturar toda a cadeia do mercado de trabalho, assumir riscos e priorizar o trabalhador. No entanto, esta primazia não acontece. A crítica central realizada neste artigo, aplica-se essencialmente à realidade brasileira. Nesse contexto, é de fundamental importância analisar se a revolução 4.0, idealizada pelos países hegemônicos, pode ser aplicada ao cenário nacional da mesma forma, com a mesma velocidade, intensidade e profundidade requeridas. O Brasil possui particularidades e carências estruturais primárias, portanto, ao observar os funcionários da atualidade, que não conseguem atravessar pelo funil tecnológico, notamos a intencionalidade do capital e seu projeto estratégico. Percebe-se, de mesma forma, que as empresas no território nacional, estão assumindo, gradualmente, a adoção de tais ferramentas avançadas. Para tanto, aposta em força de trabalho altamente qualificada e especifica, geralmente por meio de recrutamento e seleções herméticas nada inclusivas. Por esta razão, o questionamento apresentado aqui tende a revirar o debate epistemológico das diferentes versões das realidades laborais, por meio da lente do trabalhador e análise da conjuntura industrial brasileira. O referencial teórico são os estudos fundamentais de Karl Marx n´O Capital e outros trabalhos produzidos pelo autor. Utilizou-se, portanto, a metodologia da pesquisa bibliográfica e documental, além de dados extraídos da CNI (Confederação Nacional da Industria), da Revista MIT Technology Review- Brasil e outras fontes secundárias.