TURISMO, INCLUSÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL: O PAPEL DOS MUNICÍPIOS DA AMESNE

Resumo

O artigo investiga de que forma os municípios da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (AMESNE) podem articular o turismo e a assistência social para reduzir desigualdades territoriais e promover a inclusão produtiva. A questão-problema central busca compreender como o turismo pode ser estruturado como ferramenta de transformação social, indo além do viés econômico para consolidar-se como política pública intersetorial. O objetivo geral é analisar o papel dos municípios da AMESNE na integração entre turismo, responsabilidade social e políticas de assistência, visando o desenvolvimento regional sustentável e inclusivo. Os objetivos específicos envolvem: (i) traçar um panorama socioeconômico dos municípios da região; (ii) mapear a estrutura do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e sua interação com políticas turísticas; (iii) identificar iniciativas locais de turismo social e de base comunitária; e (iv) propor estratégias para fortalecer a inclusão produtiva via turismo. A metodologia adotada é de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. Foram utilizadas técnicas de análise documental e levantamento estatístico, com base em dados secundários provenientes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cadastro Único (CadÚnico), Programa Bolsa Família, relatórios oficiais da AMESNE e do SUAS, além de documentos normativos nacionais e estaduais. O tratamento dos dados envolveu análise de conteúdo (BARDIN, 2016) aplicada a planos e legislações, estatística descritiva para evidenciar desigualdades sociais e análise espacial por meio de georreferenciamento (QGIS e ArcGIS) para mapear famílias vulneráveis e estruturas de proteção social. A triangulação metodológica (FLICK, 2018) foi empregada para integrar dados qualitativos e quantitativos, conferindo maior confiabilidade aos resultados. A revisão bibliográfica consistiu em análise das políticas públicas de turismo e assistência social. Os resultados evidenciam que, apesar do elevado potencial turístico e econômico da região, persistem desigualdades expressivas, destacadas pela concentração de famílias vulneráveis. As desigualdades ficaram evidentes pelos altos indicadores de PIB convivendo com vulnerabilidades sociais expressivas, destacadas pelo número de famílias inscritas no Cadastro Único e beneficiárias do Programa Bolsa Família. A estrutura do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), composta por 49 unidades do CRAS e 13 do CREAS, é apresentada como base para ações territoriais de proteção social. Corroborando essa evidência percebeu-se que a presença estruturada do SUAS, associada a práticas de turismo de base comunitária, qualificação profissional e valorização cultural, fortalece a dimensão social do ESG, podendo reduzir dependências de transferências de renda, gerar oportunidades de trabalho e renda e fortalecer a coesão social. O estudo conclui que políticas integradas de turismo e assistência social têm potencial para transformar a AMESNE em referência de desenvolvimento regional justo, sustentável e inclusivo.