O CORTE DO GRANDE OUTRO COMO CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE PARA A CONSTITUIÇÃO SUBJETIVA E A SAÚDE MENTAL
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n53-052Palavras-chave:
Grande Outro, Castração Simbólica, Real, Simbólico e Imaginário (RSI), Saúde MentalResumo
Este artigo investiga o corte do Grande Outro como condição de possibilidade para a constituição subjetiva e para uma concepção psicanalítica de saúde mental. Procedeu-se a um estudo qualitativo, teórico-conceitual, combinando exegese de textos primários de Freud e Lacan com revisão integrativa de comentadores, segundo critérios de pertinência temática, rigor editorial e triangulação de fontes. Reconstrói-se que o corte, enquanto operação simbólica, barra o Outro (S(Ⱥ)), introduz a falta e separa demanda e desejo; sua forma lógica é a castração simbólica, formalizada pela metáfora paterna e pelo Nome-do-Pai. Mostra-se ainda que a amarração dos registros RSI depende desse operador, sob pena de inflação imaginária, hipertrofia normativa ou invasão do real; quando a amarração vacila, o sinthoma pode funcionar como quarto elo de estabilização. Clinicamente, o corte orienta a direção do tratamento: pontuação, tempo variável de sessão e interpretações por equívoco visam rarefazer o sentido, favorecer a queda do sujeito suposto saber e sustentar invenções singulares de laço com o gozo. Conclui-se que saúde mental, nesta perspectiva, não é eliminação de sintomas, mas capacidade de suportar a falta, nomear o desejo e inventar amarrações éticas e viáveis no campo do Outro. Implica também prudência técnica e responsabilidade ética na condução clínica.
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