ENTRE A DOR PESSOAL E O SOFRIMENTO ESTRUTURAL: UMA CRÍTICA DECOLONIAL A SOCIEDADE PALIATIVA DE BYUNG-CHUL HAN
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n52-011Palavras-chave:
Algofobia, Sociedade Paliativa, Dor, Positivismo Tóxico, Resistência Decolonial, Hermenêutica da Dor, Sofrimento Comunitário, Polissemia PolíticaResumo
O presente ensaio analisa a obra Sociedade Paliativa: a dor hoje de Byung-Chul Han (2021) a partir de quatro eixos: (i) a “fisiologia” do sofrimento em opressores versus oprimidos, (ii) a dimensão comunitária da dor, (iii) a polissemia ético-política do sofrimento e (iv) a hermenêutica crítica da dor; ponderando seus méritos ao demonstrar como a algofobia e o imperativo da positividade instauram um regime cultural e político que anestesia dissensos e desloca o sofrimento ao âmbito privado, mas também suas limitações, sobretudo na omissão das dores estruturais de populações racializadas e colonizadas. Discute-se como a democratização do alívio, ao silenciar o conflito, serve aos interesses das elites ao mesmo tempo em que esconde processos violentos contra grupos marginalizados, e propõe-se uma ampliação de sua tese via perspectivas decoloniais, revalorização dos rituais de catarse coletiva e distinção entre dores existenciais e dores estruturais, bem como a construção de uma hermenêutica plural e situada da dor capaz de articular reconhecimento empático e engajamento político
Downloads
Referências
BERNARDINO-COSTA, Joaze. A prece de Frantz Fanon: Oh, meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona!. Civitas-Revista de Ciências Sociais, v. 16, p. 504-521, 2016.
BRAGA, Emerson dos Santos. Decolonialidade e sofrimento ético-político: repensando a saúde mental no contexto escolar. In: LIBERALI, Fernanda Coelho (org.) et al. Diálogos insurgentes: perspectivas decoloniais em transformação. 1. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2024. p. 245-257.
CAUX, Luiz Philipe de; SILVA, Eduardo Soares Neves. As reivindicações da dor: crítica e sofrimento em Theodor W. Adorno. Trans/Form/Ação, v. 48, n. 2, p. e025029, 2025.
DAVIS, John. The anthropology of suffering. J. Refugee Stud., v. 5, p. 149, 1992.
DE OLIVEIRA, Natalino da Silva. “Escrever é sangrar”: reflexões sobre ancestralidade, racismo e dor em Olhos d’água de Conceição Evaristo. Aletria: Revista de Estudos de Literatura, v. 29, n. 1, p. 179-195, 2019.
GONZÁLEZ, Danae Gallo et al. Tecendo futuros. Utopias e distopias contra/coloniais. outra travessia, v. 1, n. 37, p. 8-21, 2024.
GRANTS, Andréa Figueiredo Leão et al. Desfiando fios retorcidos de uma longa história: encontros com a literatura de Conceição Evaristo. Anuário de literatura: Publicaçao do Curso de Pós-Graduaçao em Letras, Literatura Brasileira e Teoria Literária, v. 24, n. 1, p. 8-12, 2019.
GUERRA, Renata. A lógica da teoria crítica em Adorno: um estudo sobre a Dialética negativa. 2023. 323 f. Tese (Doutorado em Filosofia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023.
GUERRA, Renata. Comentário a “As reivindicações da dor: crítica e sofrimento em Theodor W. Adorno”. Trans/Form/Ação, v. 48, n. 2, p. e025074, 2025.
HAN, Byung-Chul. Sociedade paliativa: a dor hoje. Editora Vozes, 2021.
JOYE, Stijn. The hierarchy of global suffering: A critical discourse analysis of television news reporting on foreign natural disasters. The Journal of International Communication, v. 15, n. 2, p. 45-61, 2009.
MARTIN, Raquel. EMPOWERING COMMUNITIES THROUGH SYSTEMIC RESILIENCE. Cultivating Systemic Resilience in Therapy: Applications and Interventions for Families, Relationships, and Individuals, 2024.
PIEDADE, Vilma. Dororidade. Nós, 2018.
SCARRY, Elaine. The body in pain: The making and unmaking of the world. In: The body. Routledge, 2020. p. 324-326.
SILVA MAIA, Francisco Jadson; ALMEIDA, Luzia Cristina Lopes. Algofobia e a democracia paliativa atual. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 38, p. 1-6, jul. 2024. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v38a2024-68544.
WERÁ, Kaká. Tekoá: uma arte milenar indígena para o bem-viver. Best Seller, 2024.