ANÁLISE DA CURVA DE PHILLIPS NO BRASIL: AINDA É VÁLIDA? UMA RELAÇÃO COM O FIM DA ESCALA 6 X 1
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n55-042Palavras-chave:
Curva de Phillips, Inflação, Desemprego, Kalecki, Mercado de Trabalho BrasileiroResumo
O estudo considera a validade econométrica e teórica da Curva de Phillips no Brasil durante o período de 2000-2024, articulando algumas percepções importantes e descobertas analíticas baseadas nos argumentos de Keynes, Friedman, Phelps e Marxista-Kaleckiano. Dados recentes mostram que a relação entre inflação e desemprego diminui gradualmente, particularmente após a consolidação do regime de metas de inflação e o aumento da informalidade, bem como com o peso crescente dos choques de oferta e expectativas. Episódios a partir de 2010, incluindo a recessão de 2015-2016 e a estagflação pós-2020, mostram, em certa medida, uma curva quase plana, o que significa que a reação local à inflação é mais influenciada por fatores estruturais, distributivos e financeiros do que pelo ciclo do mercado de trabalho. A aplicação dessa crítica Kaleckiana possibilita uma reconfiguração do desemprego como meio de disciplina política no trabalho. Isso transforma a Curva de Phillips de um modelo técnico em um instrumento que está embutido nas relações de poder. No final, discute como mudanças na organização do trabalho, como a discussão sobre se o regime de 6x1 deve acabar, podem remodelar a ligação entre emprego, renda e inflação. Coloca o núcleo de nossas políticas econômicas no tempo social e na justiça distributiva.
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