ANÁLISE RETROSPECTIVA DO PERFIL DE ENCAMINHAMENTOS DE UMA EQUIPE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA REGIÃO CENTRAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n55-008Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Encaminhamento e Consulta, Planejamento Familiar, Equidade em SaúdeResumo
Introdução: Compreender o perfil da população atendida pelas equipes de saúde da família é essencial para orientar práticas que promovam acesso equitativo e integral. Em grandes centros urbanos como o Rio de Janeiro, a Atenção Primária à Saúde (APS) atua como ordenadora do cuidado, mas enfrenta limites estruturais e organizacionais que impactam sua resolutividade. O Sistema de Regulação (SISREG) desempenha papel central na organização do acesso a consultas e exames especializados. O Complexo do Turano, território caracterizado por alta vulnerabilidade social e precariedade urbana, representa um cenário emblemático para compreender como as demandas reguladas expressam necessidades concretas e limitações da rede. Objetivo: Analisar retrospectivamente os encaminhamentos realizados via SISREG por uma equipe de saúde da família do Complexo do Turano entre outubro de 2023 e outubro de 2024, identificando frequência, perfil das solicitações e tempo médio de espera. Métodos: Estudo descritivo e retrospectivo, com análise de dados secundários do SISREG. As variáveis incluíram especialidade ou exame solicitado, situação do pedido, risco atribuído e tempo de espera. Os dados foram coletados manualmente, revisados em dupla e analisados por estatística descritiva com apoio dos softwares Excel e Python (Pandas e Matplotlib). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número de parecer 7.633.047. Resultados: Dos 4.195 usuários cadastrados, 1.018 (24%) utilizaram o SISREG, totalizando 1.935 solicitações. Entre elas, 56% foram agendadas, 26% estavam pendentes, 8% resultaram em faltas e 4% foram canceladas. O tempo médio de espera foi de 95 dias (1–390). As especialidades mais solicitadas foram oftalmologia (534), fisioterapia (83) e ginecologia (80). Entre os encaminhamentos ginecológicos, 43% foram para laqueadura tubária. Quanto aos exames, a ultrassonografia transvaginal não obstétrica respondeu por 25% das 327 solicitações de ultrassonografia. Conclusões: Os achados revelaram elevados tempos de espera e demandas concentradas em oftalmologia, fisioterapia e planejamento reprodutivo, refletindo o perfil populacional e fragilidades na rede. Destaca-se a necessidade de ampliar a oferta de métodos contraceptivos reversíveis, fortalecer ações coletivas em saúde sexual e reprodutiva e qualificar os fluxos regulatórios na APS, contribuindo para práticas mais resolutivas e equitativas.
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