OS IMPASSES DO DESENVOLVIMENTO E A QUESTÃO DA DESIGUALDADE RACIAL: AS BANCAS DE HETEROIDENTIFICAÇÃO COMO FORMA DE EXPRESSÃO DA CRISE NA EDUCAÇÃO PARA O INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR
DOI:
https://doi.org/10.56238/ERR01v10n4-007Palavras-chave:
Racismo Estrutural, Educação Superior, Heteroidentificação, Políticas de Cotas, Desigualdade RacialResumo
Este artigo analisa os entraves estruturais que impedem o desenvolvimento educacional equitativo no Brasil, com ênfase nas desigualdades raciais que afetam o acesso e a permanência da população negra no ensino superior. A partir de dados estatísticos, referências teóricas e um relato pessoal do autor, o texto investiga como o racismo estrutural se manifesta desde a educação básica até o mercado de trabalho, perpetuando um ciclo de exclusão. O estudo também discute o papel das comissões de heteroidentificação na garantia da efetividade das políticas de cotas raciais e propõe a literatura como instrumento de denúncia e resistência, a partir da obra O avesso da pele, de Jeferson Tenório (2020). Conclui-se que a superação das desigualdades raciais é condição indispensável para o desenvolvimento social justo e democrático no âmbito social e, principalmente, educacional na efetiva inclusão dos sujeitos no campo da cultura escolar.
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