O QUE É VEGANISMO? RESISTÊNCIA SOCIOCULTURAL AO ESPECISMO ESTRUTURAL E RECONFIGURAÇÃO ESPACIAL

Autores

  • Annibal Gouvêa Franco Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/

Palavras-chave:

Antropologia do Espaço, Especismo Estrutural, Plantationoceno, Produção do Espaço, Veganismo

Resumo

O veganismo é um movimento sociocultural-identitário, ético-político e espacial que enfrenta o especismo estrutural e as continuidades coloniais do Plantationoceno. Ser vegano vai além de renunciar ao que se come ou se veste; trata-se de uma escolha coerente e consciente sobre como se vive e com quem se escolhe compartilhar o mundo. A compreensão desse fenômeno se dá por meio de uma abordagem antropológica de caráter teórico-conceitual, na qual se examinam três planos de espacialização: práticas cotidianas que reorganizam o espaço vivido e os circuitos de consumo; ações intencionais, como ocupações e ativismos, que instituem zonas de contestação; e territorialidades digitais que disputam narrativas e reconfiguram o espaço simbólico. A articulação desses planos produz lugares veganos, não-lugares de exploração animal, heterotopias de Foucault e Zonas Autônomas Temporárias de Bey, conectados por contracartografias que revelam periferias humanas e espaços de exploração animal. A síntese das teorias espaciais de Harvey e Lefebvre demonstra que tais zonas reterritorializam fluxos de alimentos, trabalho e afetos, ampliando a justiça socioambiental e interespécies. Propõem-se quatro eixos éticos: justiça para seres sencientes; recusa da exploração animal; reconhecimento da interdependência ecológica; e moralização do consumo e do habitus. Conclui-se que o veganismo atua como força cultural transformadora, reorganizando dinâmicas socioculturais e espaciais e inspirando novas investigações etnográficas sobre os impactos dos diferentes planos de espacialização na economia e na sociabilidade locais.

DOI: https://doi.org/10.56238/edimpacto2025.020-004

Publicado

2025-09-24