GEOPOLÍTICA LUSA NA AMAZÔNIA AMAPAENSE: CARTOGRAFIA, CATEQUESE E POLÍTICAS POMBALINAS NA CONSTRUÇÃO DO DOMÍNIO FRONTEIRIÇO (SÉCULOS XVII-XVIII)

Resumo

Com o avanço da colonização europeia, especialmente a partir do século XVII, as porções insulares e continentais do baixo Amazonas passaram a desempenhar função estratégica nas ações de posse, defesa e domínio do território pela Coroa Portuguesa sobre a região setentrional do Brasil. A construção de guarnições militares e a fundação de vilas com nomes inspirados em localidades portuguesas, como parte das reformas pombalinas, foram taticamente inseridas em cartas náuticas, evidenciando o uso da cartografia e da toponímia como instrumentos de legitimação do poder territorial. Diante desse cenário, o presente trabalho objetivou analisar as multifacetadas táticas de defesa e dominação empregadas, com foco na instrumentalização da catequese jesuíta, nas políticas de centralização pombalina, na reconfiguração espacial e toponímica, bem como no papel crucial da cartografia como instrumento de poder e legitimação territorial. Para tanto, adotou-se uma abordagem histórica-geográfica, metodologicamente fundamentada em revisão bibliográfica e na análise de documentos históricos e cartográficos. Como resultado, a pesquisa revelou que a consolidação do domínio português na foz do Amazonas, em especial na porção territorial amapaense, entre os séculos XVII e XVIII, foi um processo complexo, instrumentalizado pelas missões religiosas e as políticas de centralização estatal, abrangendo ações defensivas materializadas na edificação de fortificações e reconfiguração espacial e toponímica do território. Nesse contexto, a cartografia emergiu como um instrumento geopolítico fundamental, não apenas para demarcar limites, mas para legitimar reivindicações e atuar nas disputas territoriais, assegurando a soberania territorial e demonstrando como o território é uma construção imbuída de relações de poder.

DOI: https://doi.org/10.56238/edimpacto2025.083-003