O MARTELO DAS FEITICEIRAS E A HISTÓRIA DA PUNIÇÃO COMO MITO ARQUETÍPICO: O SISTEMA PENAL NA ESTRUTURA PATRIARCAL E CAPITALISTA DE DOMINAÇÃO

Autores

  • Tatiana de Amorim Badaró Autor
  • Elmir Duclerc Ramalho Junior Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n11-138

Palavras-chave:

Malleus Maleficarum, Poder Punitivo, Mito e Símbolo, Inquisitorialidade, Garantismo Penal Crítico

Resumo

Este artigo analisa a obra “Malleus Maleficarum: martelo das feiticeiras” como mito fundacional do sistema penal ocidental e investiga até que ponto o sistema penal brasileiro contemporâneo, proclamado como racional, constitucional e garantista, reproduz, em novas roupagens, a lógica inquisitorial dessa obra clássica da Inquisição. Parte-se da hipótese de que o poder punitivo moderno conserva uma estrutura arquetípica e simbólica: sua função não é promover justiça ou garantir segurança, mas produzir inimigos e reafirmar hierarquias sociais, criminalizando diferenças e assegurando a continuidade de uma ordem patriarcal e capitalista. A metodologia adota abordagem hermenêutico-crítica, dialogando entre direito, filosofia e mitologia comparada, com base em autores como Joseph Campbell, Paul Ricoeur, Mircea Eliade, René Girard, Luigi Ferrajoli, Eugenio Raul Zaffaroni e Salah Khaled Jr.. A análise demonstra que o sistema penal contemporâneo mantém viva a estrutura simbólica do Malleus, isto é, o inimigo é construído como desordem a ser sacrificada, o processo assume feição ritual de provação e a pena cumpre papel de purificação social. Conclui-se que a superação dessa mítica moderna exige a substituição da lógica da expiação pela ética garantista da contenção, rompendo com o imaginário teológico-punitivo que ainda orienta o direito penal brasileiro.

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Publicado

2025-11-13

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

BADARÓ, Tatiana de Amorim; RAMALHO JUNIOR, Elmir Duclerc. O MARTELO DAS FEITICEIRAS E A HISTÓRIA DA PUNIÇÃO COMO MITO ARQUETÍPICO: O SISTEMA PENAL NA ESTRUTURA PATRIARCAL E CAPITALISTA DE DOMINAÇÃO. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 11, p. e9937, 2025. DOI: 10.56238/arev7n11-138. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/9937. Acesso em: 5 dez. 2025.