O OLHAR PSICOLÓGICO HUMANISTA SOBRE A RELIGIÃO/ESPIRITUALIDADE
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n11-066Palavras-chave:
Psicologia, Religião, Clínica HumanistaResumo
Este artigo apresenta uma síntese crítica das contribuições de Carl G. Jung, da Gestalt-terapia (Fritz e Laura Perls) e de Viktor E. Frankl para a compreensão da religião/espiritualidade no horizonte da Psicologia Humanista. Trata-se de pesquisa qualitativa, de objetivo exploratório, com procedimento bibliográfico e finalidade básica pura, conduzida sob atitude fenomenológica, privilegiando descrições da experiência e a elucidação conceitual. Em Jung, destacam-se o estatuto da religiosidade como expressão universal da psique, o conceito de numinoso e o processo de individuação, que integra dimensões consciente-inconscientes num holismo pessoal; tal enquadre legitima a presença do religioso na clínica como via de sentido e integração. Na Gestalt-terapia, a religião aparece como fenômeno do campo organismo-meio que atravessa o contato, favorecendo responsabilidade, liberdade e autoria; ancorada em premissas humanistas, fenomenológicas e existenciais, a abordagem recusa reducionismos e entende o sagrado como processo concreto que permeia significados. Em Frankl, a busca de sentido é motivação primária, assentada numa antropologia somático-psíquico-noética; a religiosidade funciona como “idioma simbólico” que orienta escolhas, sem se reduzir a confessionalismos. A análise comparativa evidencia convergências: visão não-determinista da pessoa, centralidade do sentido/valor, foco na totalidade e na capacidade de auto-direção. Conclui-se que integrar vivências religiosas/espirituais ao enquadre humanista é epistemologicamente consistente e clinicamente fecundo: amplia a escuta de valores, sustenta processos de congruência e fortalece a autoria do cliente. Sugerem-se estudos qualitativos aplicados (estudos de caso, narrativas clínicas) para examinar como tais vivências operam na mudança terapêutica em diferentes contextos culturais e institucionais.
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