AUTENTICIDADE ROUBADA: A SÍNDROME DA IMPOSTORA COMO SINTOMA SOCIAL DO PATRIARCADO

Autores

  • Julia Fânzeres Caminha Mutschler Autor
  • Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n10-262

Palavras-chave:

Síndrome da Impostora, Papéis de Gênero, Subjetividade, Neoliberalismo, Descolonização do Feminino

Resumo

O presente estudo tem como propósito analisar as relações entre os papéis de gênero e a manifestação da Síndrome da Impostora em mulheres de diferentes contextos sociais e acadêmicos. Parte-se da hipótese de que esse fenômeno não deve ser reduzido a uma experiência individual de insegurança ou baixa autoestima, mas compreendido como resultado de construções históricas, culturais e sociais que, ao longo do tempo, moldaram o feminino em padrões de subordinação, silenciamento e invisibilidade. Nesse sentido, o trabalho dialoga com autores que problematizam a subjetividade na contemporaneidade. Bauman (2001) discute a fluidez das identidades na modernidade líquida, em que os vínculos e referências se tornam frágeis. Dardot e Laval (2016) abordam os impactos do neoliberalismo na produção do sofrimento psíquico e nas exigências de desempenho individual. Já Debord (1979) denuncia a centralidade das aparências e a lógica da espetacularização que permeia as relações sociais. Paralelamente, incorporam-se as contribuições de Caminha, Almeida e Silva (2025), que investigam as raízes culturais e psicológicas da autenticidade feminina, e de Caminha e Silva (2025), que defendem a descolonização do feminino como caminho para o resgate da potência criativa e autêntica das mulheres. A metodologia adotada combina revisão teórica crítica com observação qualitativa de 121 mulheres pertencentes a diferentes classes sociais. As vivências foram realizadas em rodas de conversa organizadas em círculos de mulheres, compreendidos aqui como práticas ancestrais de partilha, pertencimento e transformação subjetiva. O círculo é concebido não apenas como recurso simbólico de fortalecimento coletivo, mas também como uma possível abordagem terapêutica de baixo custo e significativa para os desafios contemporâneos. Dessa forma, espera-se que este trabalho contribua para a ampliação do debate interdisciplinar acerca da Síndrome da Impostora, possibilitando novas investigações no campo da psicologia de gênero e da psicologia social. Busca-se, ainda, compreender o fenômeno não como expressão de falhas individuais, mas como manifestação cultural e coletiva, que exige novos olhares e práticas emancipatórias.

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Referências

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Publicado

2025-10-28

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

MUTSCHLER, Julia Fânzeres Caminha; SILVA, Lisienne de Morais Navarro Gonçalves. AUTENTICIDADE ROUBADA: A SÍNDROME DA IMPOSTORA COMO SINTOMA SOCIAL DO PATRIARCADO. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 10, p. e9324, 2025. DOI: 10.56238/arev7n10-262. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/9324. Acesso em: 5 dez. 2025.