A (IN)VISIBILIDADE NEGRA NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO 9º ANO

Resumo

O presente artigo, intitulado “A (in)visibilidade negra no livro didático de Língua Portuguesa do 9º ano”, propõe uma análise sobre a representação negra nesse material didático, buscando analisar quais efeitos de sentido são produzidos pelos discursos que o atravessam. Para isso, adota-se como base teórico-metodológica a Análise do Discurso, com aportes de Foucault (2003), Pêcheux (1999), Orlandi (1988, 1996, 1998, 2002) e Lopes (2024), articulados a autores que discutem as relações étnico-raciais, como Almeida (2019), Gomes (2003), Freitas e Jesus (2021), Pinheiro (2023) e Stuart Hall (1997, 2002, 2016), entre outros. O estudo também se apoia em documentos normativos, como a Lei nº 10.639/2003 e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), que instituem a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira. Além disso, buscou-se compreender como os discursos presentes no Livro Didático de Língua Portuguesa do 9º ano – Teláris Essencial (PNLD 2024–2027) produzem sentidos sobre a população negra, observando se há rupturas ou permanências nos modos de representação. Desse modo, análise evidencia que, embora haja menções à população negra, estas ocorrem de forma esparsa, muitas vezes descontextualizada e frequentemente esvaziada de historicidade, reforçando uma narrativa eurocentrada e pouco comprometida com a valorização do sujeito negro. Além disso, as marcas do silenciamento, do apagamento e da estereotipação ainda são predominantes, indicando uma presença negra frágil e periférica. Conclui-se que tensionar o livro didático é essencial para romper com lógicas excludentes e afirmar a centralidade da história e da cultura negras na formação de sujeitos mais conscientes, críticos e comprometidos com a justiça racial.