ANÁLISE MULTIDISCIPLINAR DO MARCO REGULATÓRIO DE BARRAGENS DE REJEITOS EM GOIÁS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n9-205Palavras-chave:
Governança de Barragens, Segurança de Rejeitos, Mineração Sustentável, Políticas Públicas, Estudo de Caso GoiásResumo
A segurança de barragens de rejeitos consolidou-se como um dos maiores desafios contemporâneos da governança socioambiental no Brasil, sobretudo após os desastres de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), que expuseram falhas estruturais e institucionais na fiscalização da mineração. Nesse contexto, este artigo analisa a governança, o risco e a responsabilidade na gestão de barragens de rejeitos no Estado de Goiás, com ênfase no marco regulatório e nos desafios de implementação de políticas públicas. A pesquisa adota abordagem qualitativa e caráter exploratório-analítico, fundamentando-se em análise documental de leis, decretos, resoluções, relatórios institucionais e literatura especializada, além de estudo de caso sobre o Plano de Ação sociojurídico executado em Goiás até 2019. A hipótese investigada sustenta que, apesar da ampliação normativa e da incorporação de instrumentos como o Plano de Segurança de Barragens (PSB) e o Plano de Ação de Emergência (PAE), persistem fragilidades estruturais e institucionais que limitam a efetividade das medidas, entre elas a insuficiência de recursos técnicos, a sobreposição de competências e a resistência de agentes econômicos. Os resultados esperados incluem a demonstração de avanços significativos, como o fortalecimento da fiscalização e a ampliação da participação comunitária, mas também a identificação de lacunas que mantêm elevados os riscos de desastres socioambientais. Conclui-se que a experiência de Goiás oferece subsídios relevantes para o debate nacional sobre segurança de barragens, evidenciando a necessidade de maior integração institucional, investimentos em tecnologia de monitoramento e fortalecimento do controle social. O estudo contribui para o campo da governança ambiental ao indicar caminhos para consolidar um modelo preventivo, participativo e resiliente de regulação minerária.
Downloads
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO (ANA). Segurança de barragens no Brasil: relatório 2020. Brasília: ANA, 2020.
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br. Acesso em: 30 ago. 2025.
BRASIL. Decreto nº 9.204, de 23 de novembro de 2017. Regulamenta a Lei de Licenciamento Ambiental. Brasília: Presidência da República, 2017.
BRASIL. Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010. Estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens. Brasília: Congresso Nacional, 2010.
BRASIL. Lei nº 14.066, de 30 de setembro de 2020. Altera a Lei nº 12.334, de 2010, para dispor sobre a segurança de barragens. Brasília: Congresso Nacional, 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora nº 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração. Brasília: MTE, 2024.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 420, de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento de áreas contaminadas. Diário Oficial da União, Brasília, 2009.
BURSZTYN, Marcel. Política ambiental: conceitos, instituições e instrumentos. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.
CABRAL, Eduardo. Ministério Público e meio ambiente: novos desafios institucionais. Goiânia: Editora UFG, 2023.
FERNANDES, João; COSTA, Maria; PEREIRA, Luís. Gestão de riscos e planos de emergência em barragens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2021.
GARRIDO DE PAULA, Paulo Afonso. Direito ambiental constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2001.
GOIÁS. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). Plano de Ação Sociojurídico para Barragens de Rejeitos: Avaliação 2017–2019. Goiânia: SEMAD, 2022. Disponível em: https://www.semads.go.gov.br. Acesso em: 31 ago. 2025.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 2019.
NERI, Carlos; ALMEIDA, Juliana; PEREIRA, Ricardo. Gestão de riscos e governança ambiental em barragens de rejeitos. Revista Brasileira de Gestão Ambiental, v. 12, n. 2, p. 105–120, 2024.
OLIVEIRA, Flávia. Governança ambiental e participação social: experiências em estados mineradores. Brasília: IPEA, 2021.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A globalização da natureza e a natureza da globalização. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
SCOLESE, Glauco; COIMBRA, Alexandre. Gestão de riscos de desastres em barragens: desafios e perspectivas para o Brasil. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 16, n. 1, p. 11–28, 2020.
SILVA, Marcos Aurélio; SOUZA, Daniela Ferreira. Segurança de barragens no Brasil: entre a legislação e a prática. Revista de Políticas Públicas, v. 25, n. 2, p. 97–114, 2021.
SILVA, Ricardo Augusto. Governança e segurança de barragens: transparência, controle e participação social. São Paulo: Atlas, 2022.
SIQUEIRA, Ana; CABRAL, José. Instituições ambientais e governança dos recursos hídricos. Goiânia: Editora PUC Goiás, 2020.
TUNDISI, José Galizia. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: RiMa, 2018.
ZHOURI, Andrea. Mineração, violências e resistências: um campo aberto à produção de conhecimento no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.