RELAÇÃO PROFESSOR-ESTUDANTE NO ENSINO SUPERIOR: ENTRE DESAFIOS E POTENCIALIDADES PEDAGÓGICAS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n8-243Palavras-chave:
Relação Docente e Discente, Ensino Superior, Saúde MentalResumo
Este estudo apresenta uma revisão de literatura sobre a relação professor-estudante no ensino superior, enfocando as dimensões afetiva, pedagógica e psicossocial que permeiam o processo de ensino-aprendizagem e suas implicações para a saúde mental de docentes e discentes. Os achados indicam que ambientes pedagógicos pautados pelo diálogo, respeito mútuo e reconhecimento da singularidade favorecem o engajamento acadêmico, a criatividade e a retenção de saberes, ativando circuitos neurais associados à memória e à resolução de problemas. Em contrapartida, práticas autoritárias geram respostas de estresse que inibem funções executivas, elevam riscos de ansiedade, burnout e evasão. A combinação de metodologias ativas e comunicação não violenta mostrou-se eficaz na promoção de climas afetivos seguros, especialmente em contextos digitais pós-pandemia. Contudo, constata-se lacuna em estudos de grande escala e em pesquisas sobre populações específicas, como estudantes indígenas e docentes seniores. O artigo destaca ainda a sobrecarga emocional docente resultante de expectativas de múltiplos papéis (tutor, terapeuta e gestor emocional) sem suporte institucional adequado. Em resposta, programas de mentoria entre pares, redução da razão professor-aluno e oferta de serviços de acolhimento psicológico emergem como estratégias protetivas. Conclui-se que a relação docente-discente não é periférica, mas o núcleo constitutivo da experiência universitária; investir na qualidade dessa relação implica reconhecer a afetividade como alicerce para a cognição e a formação integral. São indicadas, ao final, direções para pesquisas futuras que integrem métodos mistos, enfoques multicêntricos e análises interseccionais, de modo a aprofundar o entendimento das dinâmicas afetivas e ampliar a representatividade estudada.
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