FORMAÇÃO DE PROFESSORES: DESGASTE EMOCIONAL E AUSÊNCIA DE POLÍTICAS DE CUIDADO COM OS DOCENTES
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n8-027Palavras-chave:
Formação Docente, Sofrimento Psíquico, Políticas de Cuidado, Exclusão Simbólica, Saúde EmocionalResumo
O presente artigo analisa criticamente o processo de formação docente no Brasil, com ênfase nas condições de adoecimento emocional e na ausência de políticas institucionais de cuidado aos professores em formação. A investigação parte do pressuposto de que o sofrimento psíquico vivenciado pelos licenciandos não é fenômeno isolado, mas resultado de estruturas acadêmicas que silenciam a dor e normalizam a precariedade. A partir de uma abordagem qualitativa e bibliográfica, conforme os pressupostos de Lakatos e Marconi (2017), o estudo evidencia como a universidade, ao negligenciar o cuidado como dimensão formativa, contribui para processos de exclusão simbólica, afetando a permanência, o bem-estar e a constituição da identidade profissional docente. O texto propõe a centralidade do cuidado como princípio ético-pedagógico capaz de reconfigurar a formação inicial, reconhecendo o sofrimento como expressão legítima da experiência formativa e exigindo respostas institucionais concretas. O estudo destaca ainda que políticas efetivas de acolhimento, escuta e suporte psicossocial não são meros complementos, mas condições estruturais para garantir o direito à formação plena e humanizada dos futuros professores.
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