PADRÕES SAZONAIS E ESPACIAIS DO ICTIOPLÂNCTON NO ESTUÁRIO DO RIO BACANGA, BRASIL: CONTROLES AMBIENTAIS E DESAFIOS DE CONSERVAÇÃO

Resumo

Este estudo analisou a distribuição espaço-temporal do ictioplâncton na Bacia Hidrográfica do Rio Bacanga, São Luís, Maranhão, uma área de notável importância ecossistêmica e econômica, pertencente ao bioma amazônico, no centro urbano de São Luís - MA. Quatro campanhas de coleta foram realizadas entre setembro de 2023 e setembro de 2024, abrangendo as estações seca, de transição e chuvosa. Ovos e larvas de peixes foram coletados com rede de plâncton em nove pontos estuarinos, com medições simultâneas de variáveis ambientais como salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido, pH, sólidos totais dissolvidos (TDS), potencial de oxirredução (ORP) e Eh. Análises multivariadas (MDS, SIMPER, PCA, CCA e PERMANOVA) foram aplicadas para identificar padrões de distribuição associados a fatores sazonais, espaciais e abióticos. Os resultados revelaram que a abundância e a composição do ictioplâncton foram significativamente influenciadas pela sazonalidade e pela localização dos pontos de amostragem, com maiores abundâncias em regiões a jusante e durante os períodos de transição. Entre os achados, inclui-se a detecção de ovos pigmentados e larvas com resíduos orgânicos, indicando impactos antrópicos diretos, e a presença de Oreochromis niloticus, espécie exótica, em áreas de menor salinidade. Os táxons Anchoa sp., Atherinella brasiliensis, Oligoplites saurus além dos ovos de peixes, foram os mais representativos, demonstrando associações claras com as variáveis físico-químicas. Conclui-se que a bacia do Bacanga é uma área crucial para a reprodução e desenvolvimento inicial de peixes, e os dados obtidos são fundamentais para subsidiar políticas públicas de conservação pesqueira e sustentabilidade socioambiental, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6, Água Potável e Saneamento, e 14, Vida na Água.