TERRITÓRIOS DOS VENTOS – GEOPOLÍTICA, IMPACTOS AMBIENTAIS E DESAFIOS DA ENERGIA EÓLICA NO BRASIL

Autores

  • Antônio Nacilio Sousa dos Santos Autor
  • José Neto de Oliveira Felippe Autor
  • Kleberson Ricardo de Oliveira Pereira Autor
  • Everaldo Costa Santana Autor
  • Tatiane Caroline Ferrari Autor
  • Camila dos Santos Pantoja Autor
  • Rafael Rodrigues Duque Autor
  • Adrielle Barradas Cardoso Autor
  • Cícera Tamires Paixão da Silva Autor
  • Alessandra Anchieta Moreira Lima de Aguiar Autor
  • Lucivando Ribeiro de Araújo Autor
  • Nathália Costa Maia Autor
  • Rodrigo Andrade dos Santos Autor
  • Giovanna Helena Vieira Ferreira Autor
  • Alexandre Moura Lima Neto Autor
  • Sidney Mendonça de Oliveira Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n6-024

Palavras-chave:

Energia Eólica, Território, Conflitos Socioambientais, Justiça Energética

Resumo

Em um cenário global cada vez mais pautado pela busca de alternativas sustentáveis de geração de energia, o Brasil tem se destacado, nas últimas décadas, pela expansão expressiva da energia eólica. Desde então, o que antes era uma fonte complementar e incipiente, passou a ocupar papel central na matriz energética nacional, especialmente na região Nordeste, onde se concentram cerca de 80% dos parques eólicos do país. Assim, é possível observar que a “força dos ventos” passou a reconfigurar não apenas o modo como se produz energia, mas também a forma como o território é disputado, apropriado e ressignificado por diferentes atores sociais, econômicos e políticos. Dessa forma, este estudo tem como objeto os chamados “territórios dos ventos”, ou seja, as áreas de expansão e consolidação dos parques eólicos no Brasil, compreendidas como espaços de tensão e articulação entre interesses públicos e privados, saberes técnico-científicos e conhecimentos tradicionais, além de dinâmicas socioambientais complexas. Em outras palavras, busca-se analisar como a energia eólica, embora revestida de uma aura de “energia limpa”, tem produzido impactos significativos sobre os ecossistemas locais e as populações que vivem em seu entorno, especialmente comunidades rurais, tradicionais e povos originários. Com o objetivo de problematizar as contradições desse modelo de desenvolvimento energético, a pesquisa pretende: compreender os impactos socioambientais gerados por essa expansão, como os conflitos fundiários, o ruído contínuo, a supressão de vegetação nativa e os riscos à fauna local; e ainda, discutir os desafios técnicos relacionados à intermitência da produção, à integração com a rede elétrica e à manutenção dos aerogeradores. De forma complementar, propõe-se refletir sobre os limites de um modelo que, embora renovável, pode reproduzir desigualdades e invisibilizar os saberes e direitos das populações atingidas. Assim sendo, a pergunta de partida que norteia esta investigação é a seguinte: Como a rápida expansão dos parques eólicos no Brasil vem reconfigurando o uso e o significado dos territórios, e quais são os impactos socioambientais e os desafios técnicos resultantes dessa nova geopolítica energética? Teoricamente, fizemos uso dos trabalhos de Acselrad (2004), Baitelo (2016), Bernard (2019), Burton (2001), Cavalcanti (2021), Dove (2015), Gannoum (2015; 2022), Gorayeb (2019), Groh (2015), Harvey (2003), Herzog (2001), Inoue (2016), Johnson (1985), Jannuzi (2012), Kammen (2001; 2015), Köppel (2006), Manwell (2002), Melo (2019), Mitchell (2011), Moore (2016), Pimentel D. (2008), Pimentel P. (2023), Peruchi (2024), Peters (2006), Pinguelli Rosa (2013), Quaschning (2005; 2011; 2019), Sauer (2003), Svampa (2015), Yumie Aoki Inoue (2016), entre outros. A pesquisa é de cunho qualitativa (Minayo, 2007), descritiva e bibliográfica (Gil, 2008) e com o viés analítico compreensivo (Weber, 1948). Os achados desta pesquisa revelam que a expansão da energia eólica no Brasil tem reconfigurado os territórios não apenas do ponto de vista físico e técnico, mas também simbólico, político e social. Identificou-se que a concentração dos empreendimentos no semiárido nordestino ocorre em razão de fatores estruturais de vulnerabilidade territorial, favorecendo a apropriação assimétrica dos ventos por grandes corporações. Além disso, observou-se a invisibilização dos impactos socioculturais e ambientais nos processos de licenciamento, bem como a ausência de participação efetiva das comunidades tradicionais. A pesquisa demonstrou que a transição energética, embora fundamental, não será justa enquanto mantiver as lógicas de expropriação e colonialidade. Por isso, é urgente repensar os modelos de planejamento energético sob a ótica da justiça territorial e da pluralidade de saberes.

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Publicado

2025-06-03

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

DOS SANTOS, Antônio Nacilio Sousa et al. TERRITÓRIOS DOS VENTOS – GEOPOLÍTICA, IMPACTOS AMBIENTAIS E DESAFIOS DA ENERGIA EÓLICA NO BRASIL. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 6, p. 29407–29458, 2025. DOI: 10.56238/arev7n6-024. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/5619. Acesso em: 8 dez. 2025.