Para habitar entre grades: táticas de [sobre]vida na prisão
Palavras-chave:
Habitar, Prisão, CorpoResumo
Este artigo parte de pesquisa etnográfica realizada em uma penitenciária feminina paulista por meio de um projeto de leitura para discutir as formas de habitar o ambiente prisional, com ênfase na materialidade dessa experiência e nas táticas mobilizadas para produzir as condições dessa habitação. Notadamente marcada pela redução – de espaço, de materiais, de relações – a prisão foi historicamente arquitetada para punir através do isolamento de determinados indivíduos em estruturas formadas por muros altos, cercas, grades e pela contínua vigilância de guardas. A partir das falas de minhas interlocutoras, os muros, cercas e grades ganham profundidade, cor, som e temperatura de um momento da vida marcado no corpo e na memória. Dessa forma, com destaque para a experiência material e para as modalidades sensíveis do cotidiano prisional, trago experiências observadas entre Vanda, Iaiá e Marisa, interlocutoras da pesquisa, para refletir sobre as formas de gerir o corpo e os ambientes no exercício diário de habitar a prisão.