PSIQUIATRIA E RACISMO – O HOLOCAUSTO PSIQUIÁTRICO NO HOSPÍCIO DE BARBACENA E O RACISMO CONTRA NEGROS NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n3-265Palavras-chave:
Holocausto Psiquiátrico, Racismo Estrutural, Loucura, ExclusãoResumo
O presente artigo faz uma análise crítica das práticas psiquiátricas no Brasil a partir do caso emblemático do Hospital Colônia de Barbacena, situado em Minas Gerais, conhecido como o cenário de um verdadeiro “holocausto psiquiátrico”. Por meio de uma abordagem histórico-social, busca-se evidenciar como a psiquiatria, longe de se configurar apenas como saber médico-científico, foi utilizada como ferramenta de exclusão, controle e opressão, especialmente contra sujeitos negros, pobres e marginalizados. A internação compulsória, o diagnóstico arbitrário e o tratamento desumanizante revelam uma lógica manicomial atravessada pelo racismo estrutural e institucionalizado. Ao articular os discursos médicos com a ideologia racista da formação social brasileira, o texto discute como a loucura foi racializada, servindo como justificativa para práticas higienistas, segregacionistas e genocidas. Teoricamente, utilizamos os trabalhos de Amarante (1998), Arbex (2013), Basaglia (1968; 1987; 2011), Bento (2022), Davis (2018), Fanon (2008; 2022), Foucault (2014), Goffman (1961), Grosfoguel; Bernardino-Costa; Maldonado-Torres (2018), Laing (1968; 2010), Mbembe (2018), Pinel (1809), Ribeiro (2017), Scheper-Hughes (s/d), Silveira (1981; 2001), Szasz (1970; 1970; 1994), entre outros. Metodologicamente é uma pesquisa qualitativa a partir de Minayo (2007), descritiva e bibliográfica conforme Gil (2008), onde foi realizada uma análise compreensiva a partir de Weber (1949). A pesquisa evidenciou que a psiquiatria brasileira historicamente serviu como mecanismo de exclusão social, especialmente racial. O caso de Barbacena revela como práticas manicomiais se alinharam a ideologias racistas e higienistas. A loucura foi usada como justificativa para neutralizar corpos desviantes da norma branca e burguesa. O silêncio institucional e o apagamento histórico reforçam a necropolítica aplicada aos indesejáveis. Há urgência em repensar políticas de cuidado e reparação histórica.